Correio da Cidadania

Em defesa da Petrobrás, dos petroleiros e do Brasil

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A Petrobrás não aumentava o preço de derivados de petróleo para os consumidores desde 2005. Nenhuma empresa prestadora de serviços e de produtos faz isso pelo país. Ao contrário, todas elas já garantem em contrato pelo menos o repasse da inflação prevista no ano. A maioria vai muito além da inflação. Inclusive os ônibus, cujo principal insumo é o diesel, que permaneceu com preço congelado nos últimos cinco anos, têm o hábito de reajustar os preços anualmente e acima da inflação.

 

Para a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) não deveria haver aumento dos combustíveis. A federação defende que o governo reveja a formatação dos preços. Por exemplo, o posto de gasolina ganhar oito por cento de remuneração por litro vendido é um absurdo. Nenhuma aplicação financeira dá esse retorno. Antes do reajuste, a Petrobrás vendia a gasolina a R$ 1,05 na porta da refinaria para as distribuidoras, que revendiam o produto a não menos que R$ 2,80: todo o excedente é cobrado do consumidor na forma de imposto para União, estados e municípios.

 

Esses percentuais deveriam ser revistos inclusive para gerar recursos financeiros para a Petrobrás, que, depois de 13 anos de sucessivos recordes de lucros e de produção, teve prejuízo no último trimestre. A revisão dos preços dos combustíveis poderia até reduzir o preço do diesel para o transporte coletivo, pois o cidadão já gasta em mobilidade urbana, na ida e volta do trabalho, metade de um salário mínimo. Além disso, é preciso rever o preço do gás de cozinha. No interior do Brasil, muitas donas de casa de baixa renda já substituem o gás de cozinha pela lenha e o carvão, em virtude do preço do botijão de gás.

 

Aumentar simplesmente o preço da gasolina e do diesel, como fez o governo, vai fazer subir o custo de vida da população já que, infelizmente, a maioria do transporte de passageiros é rodoviário, assim como o frete de alimentos. Com esse aumento ganham os acionistas e os empresários do setor e quem paga a conta é a sociedade.

 

Por outro lado, a Petrobrás não pode ser sacrificada. Os incentivos que facilitaram a compra de automóveis aumentaram os prejuízos da empresa, que já estava arcando com perdas, ao repassar a gasolina, com o preço congelado, algumas vezes sendo forçada a importar a preços de mercado, até ajustar-se à nova demanda.

 

Também é preciso entender que o prejuízo da Petrobrás não é consequência apenas da defasagem entre o custo de produção e o preço congelado. É fruto de uma grande armação contábil para justificar o aumento dos combustíveis, os leilões de petróleo e a nova modalidade de traição dos interesses nacionais, o desinvestimento, criado pela presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, e também para justificar a diminuição da PLR dos petroleiros em 60%.

 

Os acionistas não podem, por lei, ter seus dividendos diminuídos; a alta administração da companhia, como sempre, vai ganhar bônus milionários e a maioria esmagadora dos trabalhadores da Petrobrás, assim como a sociedade, mais uma vez pagam a conta.

 

Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ.

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