Correio da Cidadania

Os temerários irracionais: e se a farsa tomar o lugar da razão?...

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“Preso à minha classe e a algumas roupas,

vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?” (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, fragmento do poema A flor e a náusea, 1982, p.18-19, Abril Cultural).


1.    SUCUMBIREMOS?...

Para os irracionais
Não há riscos
Ou temores.
Eles se acham
Deuses e a razão
Consideram
Uma inutilidade!
Já para nós,
Os outros pobres
Mortais,
Relatam que
Possuem a
Convicção,
Não a razão,
De que somos
Entulhos
A ser descartados!

Alguns chamam isso
De fascismo,
Mas para não dar
Na cara,
Não mostrar
O nome e os atos,
Fatos e olfatos,
Andam bem vestido
E perfumados,
De colarinho
Bem definido,
Para mostrar
Que mandam
Em nós!
Se há quem
Ainda duvida,
Mostram as armas
Que possuem!
E nós, sucumbiremos?...

2.    IGUAIS

Havia
Alguém
Mirando
Na minha
Direção
Não era
Inimigo
Militar
Ou ser
Estranho
Era apenas
Outro ser
Vindo em
Minha
Direção
Precisando
Encontrar
Alguém
Para conversar
Como um
Ser humano
Igual a ele!
Já vinha
Me dizendo
Ditadura
Nunca mais!
A vida
Não pode
Ter donos
Fui lhe
Dizendo
E nos
Abraçamos!

3.    LIBERDADE

Liberdade
Não é
Quando
Se pode
Fazer tudo
O que se
Quer
Ou o que se
Pensa
Mas muito
Mais que
Isso
É quando
Nenhum
Homem
Nenhuma
Mulher
Sofrerá
Qualquer
Tipo
Injustiças
Ou
Desumanidades
Contra seu
Corpo
E sua consciência!
 
4.    ARTEFATOS IRRACIONAIS

Há quem pense
Que só há cérebros
Para aqueles que
Detém poderes superiores.
Já para a maioria,
Pobres mortais,
Só devem pensar
Se obedecerem
Os desígnios superiores.

Divindades
Devem dizer o que
Somos
E os ritos racionais
Mendigando os vestígios
E os resquícios da razão
Já moribunda
Se debatendo agoniza!

A tão capenga
E minúscula democracia
Poderá virar
Um antiquário
Do passado,
Sem lustre
E sem brilho
E servir de tapete
Rasgado para
Ser pisoteado
Pelos lustrados
Sapatos dos
Autoritarismos,
Fascismos,
Tão nefastos
À humanidade!

O funeral da razão
Caminhava
Na frente
Das tropas.
Era dia,
Mas a
Razão
Não resistiu
A chegada
Da noite!
Quando
A tristeza
Cobre
O caminho,
A razão
Pode ser
Apenas
Lágrimas!

5.    OS TRÊS PODERES DE UMA PSEUDOREPÚBLICA

Quais são os três poderes
De uma pseudorepública?....

O poder executivo
Que executa pouco
Para o povo
E muito para
Poucos!
Talvez o poder
Mais desejado
Por todos eles.
É o primeiro poder.

O poder legislativo
Que cuida da lei
Para os pobres
E da justiça
Para os afortunados.
Cria leis mais para
Beneficiar os interesses
De poucos,
Enquanto ilude
Com leis menores
A maioria do povo!
É o segundo poder.

O poder
Do supremo generalato superior
Que acredita que sabe
Quem são os homens de bem
E os homens do mal.
Quem deve ser condenado
Ou absolvido. Moral certeira,
Porque dizem que sabem
Quem são os justos. Simples assim.
É o terceiro poder.

Há outros ainda
Que se intercalam
E oscilam suas forças
E que concebem
Uma verdadeira
Ex-república. São tantos...

6.    MANIFESTO HUMANITÁRIO

No egoísmo da guerra
A morte é premeditada,
Não há vida!

Na destruição
Da vida,
Não há paz!

Quando o ser humano
É subjugado
Há totalitarismo,
Não há serenidade!

Quando a liberdade
É uma expressão
Apenas de poucos,
Não há felicidade!
Quando o autoritarismo
É a medida dominante,
Não há liberdade!

Quando a exploração
É regra contratual aceita,
Não há justiça!

Quando a comida
É o motivo da morte
Anunciada pela miséria,
Não há igualdade!

Quando a vida
É subtraída como se
Fosse conta perdida,
Não há dignidade!

Quando a vida
Perde a dignidade,
Não há humanidade!

Quando a vida
Estiver em perigo,
Quando a humanidade
Estiver em perigo,
Quando a dignidade
Estiver em perigo,
A existência humana
Sempre estará
Comprometida,
Diminuída;
Seremos sempre mais
A lembrança
Do que não somos;
E o nada poderá
Tomar conta
Do mundo;
Talvez, já tarde demais,
Sem nós, os humanos,
Não haverá o que dizer...
A humanidade será
Apenas o passado
De um calendário
Que deixará de existir?...


Roberto Antonio Deitos é poeta e professor da Unioeste.

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