Correio da Cidadania

A esperança não mora escondida

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“Um pouco mais

E dormirão apaziguadas
As multidões
Que hoje transbordam
Seu alarido de alegria,
Seu imenso clamor, sua agonia,
Sua sôfrega urgência de viver.”
(HELENA KOLODY, Multidões, 1980)


1. GRITOS

A vida
Numa
Conjura
Na dura
Travessia
Da rua
Sobressai
O grito
Das agruras.

Vem vida
Me encontra
Ali na
Esquina...
Vamos conversar
Um pouco
Sobre coisas
Passageiras
Para esquecer
O peso da dura
Luta
Que a
Esperança
Latejando
Na minha
Alma
Promete
Para o amanhã...

2. NÁUSEAS

Retorcido no meu
Tronco seguro
Os nós na garganta
Repulsa que se move.

Retorcido no meu
Tronco caminho
Entre destemperados
Sujeitos ofensivos
Entranhados em suas
Canalhices temporais.

Retorcido no meu
Tronco revejo
Minhas posições
Firmando minhas
Contradições me
Comprimo entre
Os polos que
Querem me oprimir,
E procurando um
Vão para sair
Vislumbro o caminho
Distanciado deles.

Retorcido no meu
Tronco contorno
As náuseas
Digerindo nas entranhas
O soluço que guarda
A raiva,
A amargura que
Perturba a alma
E o gosto amargo
Da tristeza...
Ao ver que a
Vida não é o asco
Dos que só sabem
Promover náuseas
Como fonte
Que nasce de suas
Entranhas moribundas.

Retorcido no meu
Tronco me
Liberto de minhas
Náuseas porque
Elas não são minhas,
Elas são as misérias
Humanas que
Eu não as aceito,
Porque não foram
Criadas em minhas
Entranhas!

3. HUMANIDADE

É preciso cuidar da vida
É preciso cuidar da natureza
É preciso ser contra a guerra
É preciso lutar contra a miséria
É preciso respirar a liberdade
É preciso enfrentar a injustiça
É preciso indignação contra a exploração
É preciso lutar hoje
Para o amanhã nascer.

É preciso porque se a espera demorar
Pode ser que não seja mais preciso
A noite chegar...
Do amanhã que não virá...
Seríamos abandonados pelas estrelas
E a vida seria lançada numa
Escuridão sem fim...
É preciso humanizar
A humanidade.

4. CAMINHADA
 
Não vejo
Que estamos
Parados
Na caminhada
Que ainda
Não fizemos;
Mesmo que haja
Trechos interditados
O caminho espera
Por todos nós,
Porque a esperança
Não mora escondida;
Mora no mais íntimo
Da nossa alma
E ninguém pode
Roubá-la,
A não ser
Nós mesmos!

Roberto Antonio Deitos é poeta e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

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