Correio da Cidadania

O movimento social e a troca de ministros

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No dia 25 de março, domingo último, um encontro com cerca de seis mil participantes - oriundos de 21 estados mais o Distrito Federal, ocorrido em São Paulo - mostrou a insatisfação e até mesmo muita indignação por conta das reformas neoliberais do governo Lula. Sem exceção, todos os oradores desfilaram fortes e irrefutáveis argumentos contra o conjunto das reformas da Constituição que vêm sendo realizadas por iniciativa de Lula. De modo especial, as falas “centraram fogo” nas propostas de novas mudanças na Previdência, as quais visam complicar ainda mais a vida dos que trabalham e contribuem financeiramente com o instituto previdenciário.

 

E não foi sem razão que essas críticas contundentes se deram, pois foram desferidas a partir da comunicação do próprio governo, através do seu ministro da Previdência, das mudanças que estão sendo encaminhadas. Se as reformas anteriores (de FHC e de Lula) já foram prejudiciais aos trabalhadores, esta que está sendo anunciada vai fazer aumentar, e muito, o ônus em cima dos ombros dos trabalhadores e das trabalhadoras, enquanto aliviará a folha de pagamento das empresas, ao mesmo tempo em que permitirá maior “ajuste fiscal”, a fim de fazer caixa e garantir as generosas remessas de dinheiro vivo para os chamados credores, que de fato são sanguessugas dos povos dependentes. São os JUROS da eterna dívida pública que aumenta sem parar

 

Assim, ao deliberar consensualmente que o eixo da mobilização popular a ser construída deverá ser a luta contra a Reforma da Previdência, aquela assembléia traçou uma trajetória de enfrentamento com o governo, entendendo que essa luta é de interesse comum, pois afetará a todos os que trabalham, capaz, portanto, de unificar todos (ou quase todos) os movimentos sociais.

 

Foi dentro desse quadro político que Lula anunciou estar trocando o ministro do Trabalho, trazendo para a Previdência o seu capataz sindical Luiz Marinho – por Lula bancado como presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, como presidente da CUT nacional, como ministro do Trabalho e, agora, ministro da Previdência –, levando para a pasta do Trabalho Carlos Lupi, do PDT do Paulinho Pereira, fundador da Força Sindical (com muito dinheiro de empresas americanas, para se opor à CUT).

 

Quais as razões para tal troca, se ela desagradou à própria direção da CUT, aliada incondicional de Lula e Luiz Marinho, assim como desagradou à direção nacional do PT? Essas informações nos são fornecidas pela fala do presidente, dando a entender claramente que as posições de resistência de Lupi à retirada de mais direitos previdenciários, contida na proposta governista, trariam dificuldades para o governo. Já o Luiz Marinho declarou que fará tudo o que o presidente mandar, aliás, como tem feito desde que se tornou, por imposição do Lula, presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, e assim por diante. Um verdadeiro menino de recados, assim como seu chefe, a serviço do capital.

 

Daí a importância das resoluções da Assembléia Nacional contra as Reformas, criando o “Fórum Nacional de Mobilização Contra as Reformas Neoliberais” e estabelecendo a questão previdenciária como seu eixo central. Sentimos que a insatisfação aumenta a cada dia e que os movimentos sociais, que muito esperaram do governo Lula, já não esperam por mudanças vindas de cima. Isso explica a razão da presença e participação ativa no encontro de grande número de entidades. Outros momentos coletivos de entidades virão e um calendário de lutas mais concreto será elaborado e amplamente divulgado. Um primeiro passo dessa luta conjunta deverá ser dado na preparação e realização do próximo 1º DE MAIO classista, a ser realizado na Praça da Sé, em São Paulo, e nas principais cidades do Brasil, com a participação efetiva de todos esses movimentos e entidades. Entre os dias 22 e 25 de maio, manifestações deverão ocorrer em todos os recantos do país.

 

Por tudo isso, podemos dizer, como nos velhos tempos de enfrentamento com a ditadura militar, a cada dificuldade encontrada ou repressão sofrida: a luta continua!

 

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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