Correio da Cidadania

O terror dos drones, denunciado e documentado

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Muito já se escreveu sobre os drones, chamados por Noam Chomsky de a maior campanha terrorista do mundo.

 

Seguindo o duvidoso princípio de que os inocentes devem pagar pelos culpados, estas máquinas costumam matar civis cada vez que atacam terroristas.

 

Os drones começaram a ser lançados contra alvos no Paquistão pelo governo Bush. O governo Obama continuou a campanha, só que ampliou, tanto o número de ataques quanto o número de países alvejados, incluindo nesta sinistra relação o Afeganistão, o Iêmen e a Somália.

 

Tentando salvar sua face, o presidente afirmou que exigia extremo cuidado na indicação dos maus elementos para a chamada lista da morte e cuidado ainda maior para se atingir somente os alvos, evitando ao máximo a morte de civis.

 

Conforme o próprio Obama reafirmou muitas vezes, sua exigência fora atendida e, graças à precisão dos ataques, praticamente apenas sanguinários talibãs e membros da al Qaeda tinham sido enviados para o inferno via drones. Pouquíssimos inocentes se contavam entre as baixas.

 

Em 15 de outubro deste ano, viu-se que Obama, apesar de seus dotes, não é infalível. Para cada suspeito atingido, de 5 a 6 pessoas não identificadas costumavam também morrer, conforme o relatório The Drone Papers provou de forma documentada.

 

Ele foi publicado pelo Intercept, reunindo um conjunto de documentos secretos enviados por um membro da comunidade de inteligência norte-americana, que trabalha na área de lançamento de drones.

 

Os The Drone Papers referem-se ao período 2012-2013, no qual o Afeganistão, o Iêmen e a Somália foram objeto de incursões destas terríveis armas.

 

Talvez para agradar Obama, os militares costumam rotular vítimas não identificadas dos drones como “inimigos mortos em ação”. Não importa que sejam parentes ou simples amigos dos alvos dos disparos, ou mesmo cidadãos que estavam nas imediações por azar ou atingidos por engano.

 

Veja este exemplo: na Operação Haymaker, um programa especial no nordeste do Afeganistão, os drones mataram 35 indivíduos listados como terroristas. Pena, que, junto com eles, 219 civis não identificados foram também assassinados.

 

Nos cinco meses da Operação Haymaker, quase 90% das pessoas mortas por drones eram desconhecidas, não se sabia quem eram.

 

No Iêmen e na Somália, onde os EUA tinham muito menos condições de verificar se os mortos eram os alvos visados, o número dos inocentes deve ser proporcionalmente muito maior.

 

Outro documento referente ao assunto revela que, em 2012, Obama aprovou o assassinato de 20 terroristas no Iêmen e na Somália. No entanto, nesse ano, os operadores da CIA e do Pentágono excederam o permitido: mais de 200 pessoas foram liquidadas pelos drones, segundo o Birô de Investigação de Jornalismo, uma entidade séria e respeitável.

 

A explicação das autoridades estadunidenses dessa qualificação de gente não identificada como terroristas é simples: “adultos em uma zona de conflitos militares são forçosamente combatentes... a não ser que haja uma explicação póstuma do serviço secreto provando sua inocência”.

 

É a aplicação do tradicional princípio do Wild West: “atirar primeiro, perguntar depois”. Dizem que muito usado por Jesse James, Wild Bill Hickock, Cole Younger, Butch Cassidy e outros famosos pistoleiros.

 

Em tudo ressalta o escasso (ou nenhum) valor que os EUA parecem dar à vida humana em países remotos e miseráveis como o Afeganistão, o Iêmen e a Somália.

 

A respeito de um povo que aprova os drones, pensando nas vidas de seus boys que talvez seriam poupadas por eles, vale a frase do grande cineasta norte-americano Oliver Stone: “nós (os EUA) não estamos sob ameaça, nós somos a ameaça”.

 

Luiz Eça é jornalista.

Website: Olhar o Mundo.

 

 

 

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