Situação da economia global

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Wladimir Pomar
22/01/2008

 

 

A maioria dos analistas internacionais prevê que a economia mundial deve entrar em curva descendente, durante 2008. Mas também existe um certo consenso de que o maior crescimento dos países em desenvolvimento deve contrabalançar o fraco desempenho dos países desenvolvidos.

 

Essas previsões têm como parâmetros o crescimento da economia mundial, entre 2006 e 2007, que caiu de 3,9% para 3,6%, e deve descer para 3,3%, em 2008. Essa queda no ritmo de crescimento mundial se deve, principalmente, às dificuldades da economia dos Estados Unidos. Os países em desenvolvimento, por seu turno, mantiveram, em 2006 e 2007, um crescimento médio de 7,4%, que também deve baixar, em 2008, embora para 7,1%, uma taxa ainda elevada, se comparada com a previsão de crescimento médio de 2,2%, para os países desenvolvidos.

 

Entre os países em desenvolvimento, foram os asiáticos da região do Pacífico que alcançaram as maiores taxas de crescimento, acima de 10%. Mas muitos países da África e da América Latina também obtiveram taxas superiores às dos países desenvolvidos, o que é surpreendente, se o fato for comparado a situações históricas anteriores. Era comum que a queda do crescimento econômico nos países desenvolvidos tivesse reflexos negativos graves e imediatos sobre os países em desenvolvimento.

 

No entanto, atualmente, é o robusto crescimento dos países em desenvolvimento, principalmente China e Tigres Asiáticos, que tem mantido elevados os preços das commodities. Os países exportadores dessas mercadorias, em geral países pobres e de desenvolvimento mais retardatário, têm se beneficiado dessa situação.

 

Isso não significa, porém, que tais países estejam totalmente protegidos contra os riscos da desvalorização do dólar americano, de uma recessão nos Estados Unidos e da volatilidade do mercado financeiro internacional.

 

A desvalorização do dólar, por exemplo, está ajudando os EUA a reduzirem seus déficits, e contribuindo para o equilíbrio global, mas vem tendo efeito negativo sobre as receitas das exportações dos países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, ela fez as exportações americanas crescerem rapidamente, aumentando a competição comercial em nível global. Além disso, o recente aumento no preço dos grãos, parcialmente causado pela maior produção de biocombustíveis, está ameaçando a renda das populações pobres em todos os países.

 

Em outras palavras, a situação mundial é diferente do passado. Um espirro forte de uma grande potência talvez já não consiga deixar o resto do mundo gripado. Mas seria um grave erro supor que todos estão imunes.

 

 

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

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