Correio da Cidadania

Estados Unidos: desvalorização momentânea de Biden

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Anadolu/ Gettyimages

A população dos Estados Unidos encontra-se a menos de um ano de definir o vindouro titular da Casa Branca. Entre os democratas, o nome natural é o de Joe Biden ao passo que entre os republicanos o provável é o de Donald Trump, a despeito do desgaste dos processos judiciais e do desejo de concorrer também de vários aspirantes da agremiação, como tem sido demonstrado em debates televisivos há semanas.

Contudo, nem o governador da Flórida, Ron DeSantis, avaliado como o integrante do segmento conservador mais promissor, decolou até o momento. Assim, a expectativa de que ele pudesse substituir Trump no pleito de 2024 esmaece, ao não empolgar a ala radical, ambiente no qual o ex-presidente é tratado como ‘Grande Don’, nem a contida ou moderada, cujos olhos se voltam para Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul.

No transcorrer da corrida presidencial, há duas confrontações de bastante interesse para Washington, de sorte que elas influenciarão a opção do eleitorado: uma no leste da Europa, principiada em fevereiro de 2022, e outra no Oriente Médio, começada em outubro. Nenhuma das duas aponta para cessar-fogo à vista, malgrado o sofrimento dos povos.

A primeira região conflagrada conecta-se com a imigração em larga escala ao território norte-americano entre as últimas décadas do século 19 e as iniciais do 20 enquanto a segunda mantém vínculos significativos com o país, quer políticos, quer culturais. À guisa de menção, o avô paterno de Antony Blinken, secretário de Estado, emigrou da Ucrânia.

Os dois principais postulantes ao cargo de presidente em 2024 não tiveram experiência castrense profissional na juventude, ou seja, nos anos 60, conquanto a nação estivesse em confronto contra o Vietnã naquele período.

Seriam eles dispensados de ingressar nos contingentes do ultramar por justificativa médica, não por objeção de consciência fundamentada na religião ou por posição ideológica baseada no pacifismo ou no anti-imperialismo.

Por isso, eis a ausência de restrição à aplicação do espírito militar no cotidiano burocrático, apesar da disponibilidade da diplomacia, seja bilateral, seja multilateral; os dois políticos se inclinam a favor do emprego da força como maneira de solucionar o desentendimento bilateral, ao invocar ora a defesa da democracia, ora a manutenção da liberdade.

Até a metade do mandato presidencial, a preocupação interna da sociedade era com a inflação; hoje, embora seja este tópico descendente, o desprestígio de Joe Biden não arrefece - https://www.minneapolisfed.org/about-us/monetary-policy/inflation-calculator/consumer-price-index-1800- e https://www.reuters.com/graphics/USA-BIDEN/POLL/nmopagnqapa/ 

Agora, o motivo seria a idade observada como avançada – 81 anos – ainda que seu maior oponente, Donald Trump, tenha 77. Recorde-se que Ronald Reagan concluiu sua segunda gestão com quase 80 e com alta popularidade, malgrado o reacionarismo. Portanto, a questão poderá perder força na campanha.

A investida do ex-dirigente ao atual deve dirigir-se à intensidade das medidas administrativas, não à adoção em si de posicionamentos. Destarte, evocar-se-ia a suposta tibieza de Washington na política exterior, ao faltar-lhe arrojo no apoio a Telavive ou no desestímulo de Teerã, por exemplo.

Por fim, a divisão dos democratas, embora pequena, com a possível candidatura de Robert Kennedy Jr. por outro partido pode corroer o projeto de reeleição – rememore-se o pleito de 2000 no qual Ralph Nader ultrapassou 2,5% dos votos e contribuiu, mesmo de forma involuntária, para o êxito de George Bush.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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