Correio da Cidadania

Brasil – Estados Unidos: a marca da segurança

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A despeito da continuação severa da dupla crise, o Planalto apena o povo com reajuste expressivo de imposto nos combustíveis. Em dezembro do ano passado, a justificativa para a aprovação da radical Emenda Constitucional 95 havia sido não aumentar tributos até o final da gestão.

Com o aumento significativo e indefinido do encargo, há o reconhecimento do fracasso da rigorosa política econômica ou ao menos o do malogro do seu condutor, no caso o ministro da Fazenda, experiente na lide burocrática brasiliense desde o início da administração Lula da Silva em janeiro de 2003.

Nesse sentido, sua exoneração seria a medida adequada caso se considerasse a incapacidade para obstar a recessão. Todavia, não é a questão do guia o grande problema, porém a do modelo para o Brasil, ao amparar o destino do país no pagamento excessivo de juros e na desigualdade social.  

No primeiro semestre de 2011, quando da presença do presidente Barack Obama em território brasileiro, acreditava-se que seria possível ter êxito a partir da perspectiva de contemplar ao mesmo tempo o segmento financeiro e a população mais desvalida, malgrado em graus bem distintos no tocante ao montante.

Com isso, o Planalto confiava lograr projeção internacional maior, uma vez que a Casa Branca não o desautorizava quanto à estrutura escolhida para crescer, não para desenvolver. A proximidade entre os dois países se refletiria na possível retribuição da visita pela presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos no segundo semestre de 2012.

Em decorrência da normalidade entre os dois governos, a pauta norte-americana voltou-se para a questão de direitos humanos no Oriente Médio e cercanias - Líbia e Irã, mas não Arábia Saudita – eufemismo decerto para movimentações de redistribuição de poder por Washington e aliados.

No primeiro, a ação de defenestração teria sucesso, haja vista a substituição da longeva ditadura de Muamar Kadafi, embora limitada em termos temporais porque o país não se estabiliza, ao passo que no segundo não.    

Da lembrança da viagem do mandatário estadunidense, o mais marcante talvez tenha sido a estrutura da segurança, mesma ela incapaz de assegurar a fluidez do deslocamento do dirigente, ao colocá-lo para discursar em áreas restritas como o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, local que em função da crise da gestão estadual atrai lamentos da sociedade, já não aplausos.    

Todavia, ela foi suficiente para constranger até os ministros, revistados de maneira minuciosa em seu próprio país, quando de evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI). Apesar do agastamento, não houve nenhuma argumentação da representação norte-americana a fim de minorar o teor das queixas das autoridades brasileiras.

Leia mais artigos da série do autor sobre a relação entre os dois países

Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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