Correio da Cidadania

Neste país prevalece a hipocrisia e o cinismo político

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O caso da "Quebra de sigilo" da Receita Federal, envolvendo o tucanato, em especial a filha do José Serra, candidato à Presidência do país, revela o grau do cinismo e a hipocrisia que marcam a vida política brasileira.

 

Se não, vejamos: Nesta terra "abençoada por Deus", é proibido revelar as falcatruas que cidadãos cometem contra o dinheiro público. Sua revelação é tida como crime. Já sonegar impostos (*), pela lei, passa a não ser crime. Ou, se é, não pode ser levado ao conhecimento do povo, porque irá colocar em xeque a honradez de políticos e ricaços (**). De maneira especial, não se pode quebrar o sigilo da Receita Federal quando tal sigilo acoberta falcatruas de políticos eminentes, tipo Serra, Lula, FHC, Sarney, Collor de Mello e tantos outros "homens de bem" deste país.

 

A imprensa vem explorando o caso para, aparentemente, prejudicar a candidatura de Dilma Russef (***), segundo a visão petista. Na verdade, a imprensa (ou seus donos) teme pelo pior: se seus donos se calarem, poderão ter suas declarações de renda e o recolhimento do devido imposto revelados ao público, e aí a máscara da "democracia" que defendem cairá por terra, porque não há puros entre eles. São habituados às barganhas e falcatruas com os poderes públicos. São bilhões de Reais sonegados a cada ano pelas grandes empresas.

 

Entretanto, nenhum desses meios de comunicação social publicou, até agora, o conteúdo dessa tal quebra de sigilo. Fala-se da quebra de sigilo, mas não se diz aos eleitores o que estaria oculto nesse sigilo. Por que será? Temem afundar, ainda mais, a candidatura Serra, atingir o Geraldo e tantos outros tucanos? Creio que, mais que isso, estão protegendo a si próprios.

 

Chama atenção matéria publicada pela "Carta Capital" sobre envolvimento da filha de Serra em operações escandalosas, reveladas a partir de 30 de janeiro de 2001. Naquela ocasião, dados fiscais de 60 milhões de brasileiros ficaram expostos ao sabor de quem quisesse acessá-los. Muita sujeira rolou, segundo a matéria, mas tudo foi acobertado. E a imprensa praticamente se calou. Qual a diferença?

 

A sujeira envolvia gente que estava próxima, muito próxima, dos que ocupavam o poder, os tucanos. Segundo os interesses do capital, os que estavam no poder tinham tudo para prolongar, por maior tempo, o controle da política nacional, favorecendo o entreguismo das estatais ao capital privado. Os tucanos deveriam, então, continuar na gerência dos interesses do capital internacional. Deveriam continuar no governo brasileiro. Mas a grande imprensa se cala quanto a isso tudo, não revela o crime que deu razão à quebra do sigilo. Puro sensacionalismo para enganar trouxas, para que o povo não pense em Política e aceite a politicalha.

 

Segundo os dados, o "vazamento" atual começou em 2009. Mas só veio à tona agora. Porque é momento eleitoral, em que os interesses eleitoreiros quebram com os pactos de acobertamento de crimes contra os interesses do povo. Depois, vença quem vencer as eleições, tudo irá para as gavetas, fechadas a sete chaves para que o povo não tenha acesso. Quem sabe daqui a quatro anos!

 

A pergunta que todos os brasileiros deveriam se fazer é a seguinte: qual o crime verdadeiro: sonegar ou revelar a sonegação, revelar quem roubou? Outra pergunta: como pode uma lei federal impedir que o povo - em nome do qual todo poder deve ser exercido – tome conhecimento da pilhagem que desonestos e antiéticos praticam em cima do dinheiro público? Que democracia é essa? Por que a Receita Federal não criminaliza os ladrões? É a democracia das elites exploradoras e da canalha que infestam o país e roubam o povo, sobretudo o povo trabalhador, aquele que de fato paga TODOS os impostos.

 

Tantas incoerências e picaretagens não nos deixam outra saída se não negar o apoio aos que o capital nos oferece como candidatos, e que nos são servidos pela imprensa como pratos cheios, mas com muita hipocrisia, com cinismo e com muita mentira.

 

(*) Sonegar: no caso, deixar de repassar para a Receita Federal os impostos recolhidos sobre os produtos negociados, impostos que foram colocados no preço da mercadoria ou serviço vendidos. É desse dinheiro que são compostos os Orçamentos Federal, Estadual e Municipal e que deveriam ser aplicados na educação, na saúde, no saneamento básico, na reforma agrária...

 

(**) Ricaços são os que juntam riquezas com a exploração sobre o trabalho alheio.

 

(***) Não sou e não serei eleitor da Dilma ou do Serra. Meu voto é para quem é honrado e tem toda uma vida (80 anos) marcada pela coerência e pela retida: Plínio Sampaio.

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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Comentários   

0 #5 PerguntoRaymundo Araujo Filho 21-09-2010 07:59
Serei eu uma bicicleta?

Honra?! Tem certas perguntas que de tão fáceis de responder, fica até difícil....
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0 #4 HonraDulcinéa Santos Carvalho 17-09-2010 16:01
Dilma e Lula não são honrados?!
Não sei se vou poder ficar blogando aqui muito tempo. Acho que vou ser execrada. Mas, por hora, vou topando.
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0 #3 Voto conscienteJulio Cesar de Castro 16-09-2010 13:00
Caríssimo Waldemar, permita-me compartilhar o voto consciente: Com licença, VOTO PLÍNIO PRESIDENTE!
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0 #2 Não há Anos no Inferno....Raymundo Araujo Filho 16-09-2010 10:16
Waldemar, como sempre, aponta coisas relevantes neste iníquo debate eleitoreiro que toma conta do país, de forma controlada pelas elites (não só econômica, mas política também).

E, deve ficar claro que falcatruas e acobertamentos existem neste mundo da política, entre gregos e troianos.

A mera disputa pela gerência do Boteco Brasil, gera estas pantomimas que, como bem disse Waldemar, tendem a desaperecer da memória e dos jornais, virando pizzas.

Mas, do central, o importante, ninguém discute porque, na verdade concordam, mesmo sendo adversários eleitorais. Refiro-me as macro políticas que senteciam criminosamente para o país e seu Povo, entregando tudo e a todos para o que há de pior e menos sensato.

Sou a favor que todos que recebem proventos ou fazem negócios com o dinheiro púbico devam ter seus sigilos fiscais expostos, senão os bancários também (este fácil de burlar, com laranjas). Deixando o exercício pleno dos sigilo e não permissão de xeretamento da vida alheia para nosotros, os comuns que nada têm a ver com isso.

Lembrei-me também da liminar conseguida na (in) Justiça, pelo presidente do SEBRAE Paulo Yakamoto, permitindo que velasse várias operações bancárias suas, com a primeira dama(?)Marisa Letícia, pois descobriu-se que essa retirava R$30 mil POR DIA de sua conta em dinheiro, pelo cartão corporativo do governo, com suspeitas que seria para pagar parte do que ficou conhecido como mensalão.

Pela apresentação do extrato bancário do presidente do SEBRAE, com estas operações veladas, permito-me fiar a tese que D. Marisa pagava com dinheiro do governo, e com os cartões pagos pelo Marcos Valério, alguma corrupção parlamentar.

Não vi nenhum petista pedir que Paulo Yakamoto abrisse suas operações, nem vi ninguém dizer-se contra os sigilos fiscais e bancários DE TODOS, com o afirmam agora, mas só cumprem com adversários eleitorais...

Houve sim coleta de dados sigilosos para fins espúrios (mesmo sendo de gente espúria como Serra e seu bando), e seria para a publicação de um livro (que não mais sairá) que seria publicado pelo mês de agosto, em plena campanha eleitoral "sem nada a ter com a campanha de Dilma"!

Acho temerário conferir Poder de Polícia para aloprados, como parecem ser esta gente do PT, mesmo quando atacam gente corrupta, pois usam isso como instrumento de chantagem, que ode se virar para qualquer um que ouse contestá-los, mesmo sem ser inidônios.

Que alguém me explique, porque uma medida no primeiro ano de Lulla (2003), instituiu-se o CPF no Título Eleitoral? Penso que PODE SER para possibilitar instrumentos de pesquisa no mapeamento dos votos para, quem sabe, "afinar" as malhas finas e outras investigações nas áreas de adversários políticos? Se alguém tiver uma expcaçao utra, que me comunique.

Não há Anjos no Inferno! - Haverá no Céu do Poder?
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0 #1 sueli carregari 16-09-2010 09:41
Sabes amigo, quer a imprensa estampe ou não os verdadeiros fatos, o certo é que a massa do povo, por menos que entenda de política, sabe que esta sendo lesado, enganado, e não acredita que haja gente verdadeiramente honesta neste meio, e que tem apenas aquele que desvia menos e faz mais. Vamos e venhamos, da bem para entender esta lógica, pois que nos últimos 16 anos o país foi governado pelos que desde 1980 diziam ser oposição e se diziam guardiões da ética na política e que se chegassem ao governo moralizariam a administração pública. A minha sensação, é de que a falta de ética é inerente à politica e o contrário é utopia.
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