Correio da Cidadania

1º de MAIO, dia de luta!

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No próximo dia 1º de maio, uma sexta-feira, os trabalhadores do mundo inteiro (exceto nos Estados Unidos) estarão celebrando 123 anos do massacre de Chicago, quando milhares de trabalhadores, pacificamente, reivindicavam a jornada de trabalho de 8 horas e condições específicas para o trabalho das mulheres e dos menores. A polícia, a mando do governador e a serviço dos patrões, reprimiu a manifestação com armas, assassinando vários trabalhadores e prendendo oito das suas lideranças. Um júri, encomendado e corrompido, julgou as lideranças como responsáveis pelas violências, condenando cinco delas à morte pelo enforcamento em praça pública e três condenados a vários anos de prisão.

 

O falso julgamento gerou uma extraordinária reação popular pelo mundo capitalista da época (Estados Unidos e Europa), o que obrigou ao novo governo daquele estado a considerar nulo o julgamento, determinando a realização de outro júri, agora com novos jurados escolhidos dentre o povo. Como era de se esperar de um julgamento correto, os trabalhadores foram considerados inocentes, ficando a responsabilidade pelas violências para o próprio estado e para os patrões, seus mandantes. Mas cinco operários já estavam mortos.

 

Foi assim que um congresso internacional dos trabalhadores decidiu marcar o dia 1º de Maio como o "Dia dos trabalhadores, dia de luto e de lutas". Uma justa homenagem àqueles que deram suas vidas em defesa de melhor qualidade de vida para a classe trabalhadora internacional.

 

As lutas pela conquista das oito horas diárias de trabalho foram muito duras. Sua conquista foi se dando aos poucos, de acordo com a capacidade de enfrentamento dos trabalhadores em cada país. Ainda assim, essa luta gerou outros assassinatos de homens e mulheres que buscavam um pouco menos de injustiça no trabalho. No Brasil ela veio com o governo de Getúlio Vargas. Porém, em nosso país, essa jornada, de fato, nunca foi respeitada, pois os patrões, ávidos por grandes lucros, sempre exigiram horas de trabalhos extras, prolongando a jornada real dos seus empregados.

 

Eis porque sindicatos comprometidos com a luta por justiça, unidos a vários movimentos populares e às pastorais sociais das Igrejas, vêm se unindo para garantir a continuidade dessa celebração com seu caráter de classe. São sindicatos e movimentos que repudiam as "comemorações" com shows e sorteios de carros e de casas, tudo pago pelas empresas que exploram o trabalho de seus funcionários. São movimentos e sindicatos que repudiam as atividades desse dia com caráter de conciliação com o empresariado, em conluio com o capital explorador. São shows e sorteios que visam impedir o desenvolvimento da consciência crítica dos trabalhadores, shows que visam apagar a memória das lutas das classes trabalhadoras, como vêm fazendo a Força Sindical – com mega-shows e sorteios - e a CUT com seus shows.

 

O 1º de Maio classista, em São Paulo, vem acontecendo na Praça da Sé, tradicional espaço de resistência dos trabalhadores paulistanos, tradicional espaço de resistência durante os 20 anos da ditadura imposta ao povo brasileiro pelo golpe militar de 1964.

 

Neste ano queremos reverenciar a memória de Olavo Hansem, assassinado em 1970; de Luiz Hirata, assassinado em 1971; de Manoel Fiel Filho, assassinado em 1976; e de Santo Dais da Silva, assassinado durante a greve dos metalúrgicos de São Paulo, de 1979, pela polícia militar de Paulo Maluf. Na memória desses quatro operários iremos prestar nossa homenagem aos demais operários mortos pela ditadura militar.

 

Mas o 1º de Maio deste ano será marcado principalmente pela resistência ao ataque que o capital vem desfechando sobre os direitos dos trabalhadores. Será um protesto e a determinação de resistir à tentativa do governo em "flexibilizar" nossos direitos, favorecendo as empresas que se dizem em crise e que se aproveitam dela para aumentar sua exploração.

 

Você, leitor do Correio da Cidadania, de São Paulo e arredores, você que é também um lutador e defensor da justiça social, participe desse ato, reforce nosso protesto e convença seus amigos a participarem também.

 

PROGRAMÇÃO DO 1º DE MAIO CLASSITA:

 

09:00 horas: Missa na Catedral da Sé;

10:30 horas: ato público na Praça da Sé

12:30 horas, encerramento do ato classista

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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Comentários   

0 #3 Gestão de pessoas e o Dia do TrabalhoPALMERIO CARVALHO 04-05-2009 17:46
Na gestão de pessoas e o dia do trabalho, do trabalhador ou qual outra definição que seja dada a esta data, o certo é que se deve evoluir, para ser novos rotuladores e pensamentos cultistas de esquerda, mas tratar a questão com profissionalismo.
Todas ou quase todas as colunas, blogs, artigos etc., ao referir-se a respeito desse dia, recorda da situação ícone que levou as lembranças desse dia, e, portanto, não adentro nesse mérito.
Trato o assunto de forma mais abrangente, do ponto de vista do respeito e a evolução dos fatos.
Desde os primórdios sempre é verificado a situação de mandados e mandatários, burgueses e plebeus, sacerdotes e sacristãos, ....
O formalismo empresarial de século XIX e XX formulou novas relações de trabalho em que comandantes e comandados servia-se de regras, com estabelecimento de metas para atingir objetivos, legal? Não dar para afirmar se realmente é! e, seria tachado de HUMANISTA, mas, pelo contrario, trata-se de respeito, satisfação dos usuários , clientes, fornecedores e credores.
Nessa vertente de entendimento a que se observa no capitalismo exarcebado com visão restrita do lucro em detrimento a correlação da funcionalidade da cadeia organizacional, o sentimento é que se cria umas novas vertentes de produção e de novas configurações de trabalhadores que requerem em seus currículos melhores qualificações, níveis de escolaridades que fogem da alçada orçamentária de quem durante seu período laboral não cumulou ou capitalizou financeiramente para competir no mercado, assim configura no novo perfil de “trabalhadores no mundo” e, há sim diferenciais de tratamento, oportunidades , nas seleções , quem pecam imperdoavelmente, um contingente exacerbado de profissionais incompetentes ou melhor poder-se-ia dizer protegidos por uma cortina transparente de conhecimento e poder de decisão.
Ultrapassou no tempo a compreensão, da religião como forma dominante desde persuasão, invadiam atropelavam costumes em nome de Deus, foi o tempo que a superioridades era supostamente conseguida na centralização do poder no estado, está falindo juntamente o poder do capital aberto, que, paralelo a isto as lutas por melhores salários não é mais tudo e sim uma parte do todo, a gestão publica e privada volta e deve ser aquilo que nunca foi fundamentando no tempo “a qualidade de vida de quem trabalha e produz, conhecimento, experiência e autonomia do saber”
http://inteligente.palmerio.adm.br/
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0 #2 Ampliando o debate:O 1º de Maio e a Crisaldo Santos 30-04-2009 15:58
O primeiro de Maio e a crise capitalista.
A história do Primeiro de Maio, Dia Internacional das Mulheres, Dia dos Excluídos, Vinte de Novembro e outras datas vinculadas as lutas dos trabalhadores tem papel de destaque na formação e propaganda político-ideológica da classe trabalhadora.
Diferentemente das demais efemérides, elas simbolizam a memória e a história dos lutadores (as), em detrimento da exclusão, da tentativa de dominação e massacres perpetrados pelos algozes representantes da burguesia.
Em 2009, o Primeiro de Maio acontece numa conjuntura hostil, com uma grave crise mundial, provocada no epicentro econômico do capitalismo que é os Estados Unidos, com conseqüências destrutivas nas demais regiões do mundo.
O neoliberalismo cuja natureza é a ausência do estado na interferência e ingerência da economia, sucumbe diante dos fatos e atos de solidariedade burguesa praticados pelos Governos generosos que não suportam ver os ricos sofrerem com a crise, uma vez que os mesmos ao invés de socorrer os trabalhadores vítimas dessa nefasta hecatombe, socorrem os aliados de classe como os Banqueiros e empresários, ficando os trabalhadores empobrecidos, duplamente penalizados pela crise, pois são vitimas de todas as formas de marginalidades e preconceitos, e ainda os parcos recursos sociais gerenciados pelos governantes, são drenados para socorrer, aqueles que concentram riquezas, terras e fortunas as custas do suor, sangue e da morte precoce dos trabalhadores desse país.
Como se não bastasse à flexibilização de direitos, com desemprego, subemprego, e criminalização dos movimentos sociais, somos acometidos por uma “Pandemia” da gripe Suína, com contagio e disseminação entre os humanos que certamente vai gerar uma grande tragédia para a população mundial.
Os Capitalistas nessas horas, debate ou assiste a crise como algo globalizado, dissimulado; um “estranhamento” ou um dado a mais nas cifras que globalizam a miséria, o sofrimento e a fome; na medida em que privatizam privilégios de poucos, como se não tivessem nada a ver com o que vem acontecendo no planeta inteiro.
“A empresa, Smithfield Foods, uma gigante norte americana, a maior do mundo em produção, embalagem e exportador de carne de porco, pode esta diretamente ligada ao surto da gripe suína. Smithfield opera de forma maciça na compra de porcos no México, no estado de Vera Cruz, onde o surto foi originado. As operações e criações se dão através de uma filial da Smithfield denominada de Granjas Carroll, que produz cerca de 950.000 suínos por ano, de acordo com o site da empresa. Por ai se pode ter uma idéia da quantidade de dejetos produzidos...” Segundo artigo de (Altacir Bunde).
O nítido descompasso entre o consumo, a defesa da vida dos animais e o desequilíbrio da natureza vai gerar a curto, médio e longo prazo epidemias e pandemias de impacto imprevisíveis.
No âmbito latino americano, outras pautas se apresentam no nosso cotidiano, que requer das populações desses países medidas no sentido de redirecionar e colocar nos trilhos os anseios, a pauta de luta e as expectativas de mudanças necessárias para a classe trabalhadora.
Segundo dados do artigo – Novo modelo de sociedade, de Frei Beto -“Em cerca de 200 anos de predominância do capitalismo, o balanço é excelente se considerarmos a qualidade de vida de 20% da população mundial que vivem nos países ricos do hemisfério Norte. E os restantes 80%? Excelente também para bancos e grandes empresas. Porém, como explicar, à luz dos princípios éticos e humanitários mais elementares, estes dados da ONU e da FAO: de 6,5 bilhões de pessoas que habitam hoje o planeta, cerca de 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, dos quais 1,3 bilhão abaixo da linha da miséria. E 950 milhões sofrem desnutrição crônica”.
Dentre as tragédias anunciadas e vivenciadas, a destruição predatória, a exclusão social, a fome e a miséria estão pautando e delineando os rumos da luta de classe.
A memória e a história dos que tombaram lutando por um mundo novo, também é nossa história e nossa memória que continua nos dias de hoje e quiçá no futuro, na busca da construção dessa nova sociedade.
Encorajados pela organização e pela luta dos que desafiam o capital e os tapetes vermelhos palacianos, nosso Primeiro de Maio é maior do que a crise, é maior do que epidemias e pandemias, e inconfundível, pois nas nossas fileiras está a memória revolucionária (DNA da luta de classe), a história do passado vazada no presente; entrelaçada e comprometida com um futuro de luta, por Liberdade, Pão, Terra e Trabalho humanizado; equação indispensável na construção plena da nova Sociedade Economicamente compartilhada e Solidária.

Lutar é preciso,
Aldo Santos
Sindicalista, Ex-vereador, Membro do Diretório Nacional e Presidente do Psol em SBCampo.(30/04/2009)
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0 #1 1 de Maio de Lutas e sem PeleguismoRaymundo Araujo Filho 30-04-2009 12:09
Temo pelo que as gerações futuras ainda vão presenciar, em termos de distorções históricas e culturais, em troca de benesses e empregos públicos, como vemos hoje acontecer, e tendo como protagonistas, a grande maioria dos Dirigentes Sindicais e dos Movimentos Sociais brasileiros, apaniguados do Governo Lula.

O que temos visto estes anos, com atos públicos, onde as forças sindicais conservadoras conseguiram impor suas idéias aos que outrora eram combativos, mas hoje cederam as suas dignidades, ou melhor, a dos Trabalhadores que representam (já artificialmente apenas), em troca de trinta dinheiros e boas posições sociais.

Espetáculos musicais de famosos, sorteios de carros e quetais, festa, lazer barato para este Povo que beira a indigência e acaba aceitando a despolitização de suas perspectivas históricas, em troca de parco lazer e, quem sabe, alguma sorte em sorteios que premiam um a cada mil dos presentes.

A sordidez ideológica toma conta de nossa sociedade e, pior, tem como vetor, e de forma avassaladora, aqueles que se constituíram como lideranças sociais, no meio e calor de uma luta secular e que tanto sangue, suor e lágrimas (e mortes) geraram.

Assim, transforma-se o Dia do Trabalhador, em um pífio e despolitizado Dia do Trabalho, onde a maior benesse passa a ser um dia de folga, em obediência à Data Internacionalmente reverenciada.

Neste 2009, o que vemos aqui no Brasil, é de causar muita angústia, indignação desespero e ...Raiva!

Mas, precisamos não daquela Raiva difusa, individualista e estreita, própria daqueles que no fundo são tão individualistas quanto aqueles a quem criticam.

Precisamos de uma Raiva coletiva, moderada pelos mais altos princípios do Amor Universal, o qual devotamos aos Pobres e Oprimidos e Desvalidos Sociais em geral.

Não podemos mais sermos cortezes com quem nos oprime. Não podemos mais continuar sendo educados, com quem nos trata sem a menor educação e urbanidade.

Precisamos ter coragem de cortar na própria carne e afrontar aqueles Iscariotes que, mesmo estando entre nós se dizendo Trabalhadores, estão a serviço do Capital. Precisamos nos posicionarmos firmemente, sem pensar nos reveses que isso possa causar às nossas vidas pessoais. E, para isso precisamos nos libertar da ideologia do Consumo e Bem Estar Burguês. Esta não pode ser a meta dos trabalhadores e cidadãos de bem.

Assim, com muita angústia pessoal, gostaria deixar registrada esta exortação à Luta Sem Tréguas contra o Capital e seus aliados, mesmo que alguns destes tenham tido, em já longínquos dias, atos dignos e de coragem em prol do Povo Pobre e Trabalhador.

Então, à Rebelião, pois!

*Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e que, por mais que faça (e é pouco), sente-se um covarde frente a tantos que lutaram e deram suas vidas por dias melhores.
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