Correio da Cidadania

Ambigüidade da CUT ou opção de classe?

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Tenho escrito que a CUT, ao longo dos seus 24 anos de vida, se identificou com as demais centrais sindicais. Sabemos que a CGT, Força Sindical, SDS e a CAT, entre outras, foram criadas no Brasil com o apoio do capital nacional e internacional para defender os interesses das empresas, enganar os trabalhadores com “informações” compostas de meias-verdades e muita mentira e promover a divisão do movimento sindical. Introduziram o que chamam de “sindicalismo de resultados”, promovendo ações reivindicatórias por empresas, quase sempre isoladas, o que enfraquece a luta dos trabalhadores, contribuindo assim para o rebaixamento progressivo dos salários e do padrão de vida dos operários e favorecendo o processo de “modernização” da produção via introdução das novas tecnologias e da reorganização das forças produtivas.

 

Muitos companheiros e companheiras – que, como eu, foram fundadores da CUT - se indignaram com as denúncias que tenho feito. Foi preciso muito tempo e muita falcatrua rolar para que se convencessem de que minhas advertências não eram mentiras ou meras disputas de poder (não fui da direção da CUT, a não ser brevemente em escala estadual). Uma das muitas ações que desnudaram a direção cutista foi a organização das atividades do 1º de maio, com shows financiados por várias empresas, inclusive de capital internacional, numa imitação barata da Força Sindical.

 

Agora vem mais uma informação que vai colocando a central no seu devido lugar: uma revista da CUT é financiada nada mais nada menos do que pela Companhia Vale do Rio Doce. Aquela que foi alvo de denúncias por causa do fraudulento “leilão”, organizado por FHC em 1997 e que a entregou a um conjunto de empresas nacionais e internacionais pela bagatela de R$ 3,3 bilhões enquanto seu patrimônio já valia trinta vezes mais.

 

Em setembro de 2007, organizamos nosso terceiro plebiscito popular e mais de 3.700.000 cidadãos e cidadãs se manifestaram pela anulação da maracutaia. A CUT participou desse plebiscito. Agora, recebe financiamento da mesma Vale do Rio Doce para sua Revista Brasil. Ambigüidade ou opção pela classe patronal?

 

Vejam a mensagem que recebi via internet:

 

“Compas,

 

Vcs repararam que na última edição da Revista Brasil (cujo conselho editorial é composta basicamente por um campo sindical cutista, cheio de sindicatos de metalúrgicos e bancários) a página 2 e 3 (atrás da capa) vem um propaganda da VALE ?!?!?!?!?!

 

Ou seja, boa parte dessa revista foi financiada pela Vale, pelo menos nesta edição.

 

Isso me faz pensar que passado o plebiscito, e a preocupação da Vale com o mesmo e as nacionalizações que ocorrem na América Latina, a Vale fez um acordo com a CUT (ou PT ou Governo, sei lá!)  para dar um verniz nacional na empresa, agora com novo nome...

 

Quem recebe financiamento desses caras não vai enfrentá-los!

 

To muito bolado e não sei o q fazer.

 

Saudações Socialistas,

 

Vinicius Codeço”

 

Essa história de adesão e cumplicidade com o grande capital não é novidade entre os dirigentes nacionais da CUT. Dois dos seus mais importantes presidentes se tornaram “garotos-propaganda” da UNIBAN, uma universidade particular que transforma educação em mercadoria e impede a ação sindical entre seus funcionários. Os dois dirigentes que faziam a publicidade da UNIBAN pela TV são o Vicentinho (deputado federal pelo PT) e o Luiz Marinho, hoje ministro da Previdência, ambos defensores das reformas propostas por Lula, que surrupiam direitos dos trabalhadores.

 

Ao defender interesses de exploradores, a CUT trai sua classe. Só não estamos definitivamente órfãos das Centrais porque novas forças classistas vão surgindo das cinzas sindicais pelegas.

 

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

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Comentários   

0 #7 Ambiguidade hoje é a tática do neo-pelegRinaldo Martins 26-01-2008 12:19
O peleguismo classico tinha como característica principal o sindicalismo de resultados. O atual peleguismo, adotado pela CUT, trabalha com a tergiversação, com a política de duas faces,o que é algo ainda mais deplorável. Vide comunicado do atual presidente da CUT que diz que a central continua sendo contra o imposto sindical mas, logo a seguir, vem defendê-lo, exigindo como condição o fim do imposto sindical patronal. A "contribuição negocial" que a CUT defende é a mesma coisa que o imposto atual, só que disfarçado. Enfim, o neo-peleguismo joga com a mediocridade, contanto com a despolitização da classe trabalhadora.
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0 #6 João, que joãoLuiz Felipe do Carmo 25-01-2008 10:06
O pior cego é aquele que não quer ver. Pequenos avanços e grandes recuos. A reforma da Previdência, o mensalão, Delúbios e Dirceus, o retrocesso ambiental com a divisão do Ibama,fim do licenciamento ambiental, o avanço do desmatamento, a liberação dos transgênicos, a companhia de Sarneys, lobãos e etc.,dengue, febre amarela e tuberculose e a volta da inflação. A CUT é a Nova Força Sindical. Se calou pra colocar um ministro no governo pra fazer o jogo da direita.
Se tem alguém dando força à direita é o Governo Lula.É só ver sua composição e quem tem a hegemonia.
O resto é papo de quem quer manter seu DASzinho no governo.
Eu fico por aqui.
Waldemar, os cães ladram e a caravana passa. Eles vão justificar de tudo para permanecer defendendo o indefensável.
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0 #5 de braços com a direitaOmar Cirino de Souza 21-01-2008 17:12
Companheiros/as,

É salutar todo e qualquer pensamento crítico, as ações ainda mais. Agora, o que precisamos ponderar é que esse puritanismo, longe de trazer alguma solução para deslizes que porventura são cometidos, servem, na maioria das vezes, para dar combustível para os ataques desferidos pela direitona brava, a eterna e reacionária direita que faz uso das forças de estrema esquerda que não entende ou faz que não entende algumas decisões equivocadas (quando as há); fazem que não entendem também os avanços que se dão,a duras penas, é verdade, mas acontecem. Também não conseguimos tudo o que queremos, até porque em muitos momentos em que a união é necessária, o sectarismo impera; determinadas correntes agem na base do vai ou racha: aí nós não podemos contemporizar com esse tipo de pensamento e ação. Há muito que se pode aproveitar nas idéias de muitos grupos dentro dos movimento cutista, da CNTE e do próprio PT, mas eles mesmos dificultam os avanços, agindo de modo intransigente e cego. Mais; acusam disso e daquilo quem tenta avanças através de negociação autorizada pela própria categoria se esquecendo que com isso, mais uma vez, estão se aliando à burguesia reacionária que é quem não quer mesmo nenhum avanço, por mínimo que seja. É preciso ponderar; nós fazemos isso. Aliás, se tdos fizessem esse exercício de 'articulação' não seriam outros campos, seriam Articulação e aí nosso avanço nem teria muita graça, contraditoriamente serímos hegemônicos como o poder que enfrentamos
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0 #4 Mentira!joao 18-01-2008 23:30
Não tenho, parodiando o grande e saudoso Lauro Campos, um "carrinho de pipoca no governo"; porém, deixar de reconhecer os avanços havidos até agora beira a insanidade. A CUT, sabedora disso, cobra aonde tem que cobrar e fica pianinho nas questões nas quais o avanço é temerário e, pior, fugaz. As coisas estão sendo feitas com moderação. A discrepância enorme de renda entre os maiorais e os mais pobres está diminuindo. O povão está vendo isso e, não querendo mais tucano nem beltrano no leme, apóia o governo Lula.
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0 #3 Eu já sabiaLuiz Felipe do Carmo 15-01-2008 09:08
Waldemar
Sou também fundador da CUT e me impressiono com a cafajestada em que se transformou a Central. Das verbas do FAT até a Vale, tudo isso um dia vai ser apurado e mostrado aos trabalhadores. Aí, o bicho vai pegar. Waldemar, tou contigo e não abro. Você não está sozinho.
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0 #2 Sindicalismo PelegoJoão de Cassio Souza 15-01-2008 07:04
ao longo dos anos, as organizações sidicais tem conseguido enganar os trabalhadores de maneira ábil, fazem acordos com as reprentações das empresas, sempre em detrimentos da classe, seja ela qual for, se olharmos para os trabalhadores aposentados então, é de dar dó, uma multidão de aposentados já estão passando fome, contribuiram a vida toda, e agora em nome da valorizão do salário mínimo, tem suas aposentadoria deterioradas ano a ano, muitos já se encontram uma situação miserável, sem ter ninguem que possa defende-los, a pergunta é: cadê os sindicatos que para o qual ele contribuiu durante a sua vida na ativa?
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0 #1 PT e CUT:Passado e Presente?Vital do Rg Santo André 14-01-2008 17:40
Lutadores(as)de todo o Brasil:

Assim como a globalização eliminou nossos direitos,acabou com milhões de postos de trabalho,surrupiou os nossos salários,sucumbiu o nosso maior patrimônio:que era a nossa união e a nossa força,que nos fez construir a CUT e o PT e dar seguimento nas lutas operárias no ABC e no Brasil:Infelizmente tudo é passado.E o presente é que temos é este escrito por vocês no texto acima:Todos ou melhor, quase todos se venderam.Mas nós homens e mulheres continuaremos,não mais no PT e na CUT,mas estaremos nas lutas diárias de braços dados com os mais simples,com nosso povo! Viva o Socialismo e a luta!

Um grande abraço á todos (as)LUTADORES(AS).

Vital do Rg (Santo André)
Sim,nós podemos!
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