Correio da Cidadania

“A greve dos caminhoneiros começou a deixar claro o que vamos viver daqui em diante”

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A paralisação dos caminhoneiros e do país no fim de maio ainda é o grande tema nacional e tem tudo para deixar sequelas, a exemplo do que já se permite vislumbrar na rápida greve dos petroleiros. Paralelamente, a Petrobras volta ao centro de debates e disputas, dado que sua política de preços foi o disparador da greve e seu presidente acaba de se demitir. Sobre esse intrincado quadro, conversamos com Emanuel Cancella, ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros, que traçou um profundo diagnóstico da gestão da estatal.

“Pedro Parente na minha avaliação nem deveria ter ocupado o posto de presidente da Petrobrás. Ele é réu, desde 2001, quando deixou um rombo bilionário de 5 bilhões de reais por vendas de ativos na estatal. Agora, vimos o ‘Feirão do Parente’. Ele vendeu dutos, campos do pré-sal, petroquímica, tirou a Petrobrás das áreas de gás, fertilizantes, biocombustíveis, celebrou acordo de 10 bilhões de reais com os acionistas norte-americanos mesmo sem condenação judicial da Petrobrás... Ele aplicou aquilo que os tucanos acreditam: ‘o petróleo é vosso’”, disparou.

Na conversa, além de desancar o ministro do apagão de 2001, Cancella elenca negativamente toda a política levada a cabo pela estatal – com apoio midiático que só pode ser classificado como militância. Desde o chamado Plano de Desinvestimentos ao Plano de Negócios 2017-2021, o petroleiro afirma se tratar de uma noção absolutamente entreguista e irresponsável, pois em pouco tempo já causou notório rebaixamento da qualidade de vida da população.

“É a política de desinvestimento: mandar construir navios e plataformas no exterior, tirar a Petrobrás dos setores mencionados, vender campos do pré-sal... Que plano é esse que só visa favorecer o mercado – leia-se financeiro – e as petroleiras internacionais?”, atacou.

A entrevista completa com Emanuel Cancella pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Em primeiro lugar, como enxergou a greve dos caminhoneiros, que praticamente paralisou o país neste fim de maio, com suas demandas e matizes tão diversificados?

Emanuel Cancella: Os caminhoneiros são os mesmos que bloquearam estradas no “Fora, Dilma” em 2016. Agora, fizeram uma greve que, sem dúvidas, também foi impulsionada pelos patrões, os donos das transportadoras. Porém, é bastante legítima no que diz respeito aos trabalhadores, isto é, aqueles brasileiros que compraram seu caminhão, assim como se compra um táxi, para fazer do transporte seu meio de vida. Essas pessoas pararam de modo legítimo, pois os sucessivos reajustes do diesel estavam insuportáveis.

Os patrões, a meu ver, esperavam com a paralisação – inclusive do país – a tal intervenção militar. Mas os próprios militares deram declarações, senão de apoio, bastante benevolentes. Um general até disse que não se imaginava reprimindo a greve. Frustrou-se a expectativa das transportadoras e elas suspenderam a greve. Mas elas respondem por 30% dos caminhoneiros e os outros 70% a mantiveram.

A primeira leitura é: uma tentativa golpista ou o que o valha por parte das empresas acompanhada por uma greve legítima, por sobrevivência, por parte dos trabalhadores, os caminhoneiros. Foi um teste importante, pois até então os trabalhadores não tínhamos feito uma paralisação de tal porte, apesar das tentativas.

Por isso houve grande e generalizada solidariedade, de centrais sindicais, partidos, população... Uma greve que mostrou que há como furar o bloqueio, não do governo Temer, que é cachorro morto, mas o bloqueio que o cerca: de mídia, Congresso e Judiciário.

Correio da Cidadania: Como enxergou as respostas do governo Temer?

Emanuel Cancella: O governo Temer passou a perna nos caminhoneiros ao dizer que diminuiria o preço do diesel, fazer concessão em pedágios, reformular algumas leis, mas na prática não funcionou. Pelo que posso acompanhar, os postos não têm obedecido aos preços estipulados e os governos estaduais regulam seu próprio ICMS como preferem.

Portanto, os caminhoneiros foram lesados, pois mesmo dentro do acordo do Temer, veremos a retomada dos reajustes nos combustíveis daqui a dois meses. E quem acompanha a geopolítica de petróleo diz que o preço vai subir. Pelo que dizem estudiosos do assunto – como Paulo Metri, Fernando Siqueira, que me convenceram – já, já o petróleo volta ao patamar de 100 dólares o barril. Todo o movimento de baixar o petróleo de 140 para 25 dólares foi artificial.

Entra em cena uma briga maior. A greve dos caminhoneiros é o rabo do elefante. Os sucessivos aumentos do gás, do diesel, da gasolina, não influem na inflação? Estranho. Não são só os combustíveis. Tem a PEC do Teto de Gastos, que congela os orçamentos públicos por 20 anos, por exemplo. Ou seja, veremos greves e movimentos de rebeldia em outros setores, como a saúde, já que os hospitais também estão quebrados. A crise não é só dos combustíveis, é de todo um governo que está levando o Brasil na marcha à ré. Retroagimos a algo anterior à década de 40, e a tendência é piorar.

O projeto deles é governar para um terço da população e dane-se o resto. Portanto, a greve dos caminhoneiros é importante pra começar a deixar claro o que vamos viver daqui em diante.

Correio da Cidadania: A Petrobrás está no olho da crise e dos debates. Como analisa as respostas iniciais de seu presidente, Pedro Parente e depois sua saída, para dar lugar a Ivan Monteiro?

Emanuel Cancella: Pedro Parente na minha avaliação nem deveria ter ocupado o posto de presidente da Petrobrás. Ele é réu, desde 2001, quando deixou um rombo bilionário de 5 bilhões de reais por vendas de ativos na estatal, quando era ministro de um governo que tentou privatizá-la. Participou de toda aquela tramoia das vendas de ações da empresa em Nova York, segundo a AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) por 10% do valor... Lembro que fizemos até um enterro simbólico dele.

Agora, vimos o “Feirão do Parente”. Ele vendeu dutos, campos do pré-sal, petroquímica, tirou a Petrobrás das áreas de gás, fertilizantes, biocombustíveis, celebrou acordo de 10 bilhões de reais com os acionistas norte-americanos mesmo sem condenação judicial da Petrobrás...

Por quê? Porque ele tem o aval da Lava Jato, que investiga a Petrobrás. A mesma operação tão dura – corretamente – na gestão anterior, agora, novamente sob gestão tucana no setor, virou cúmplice.

Pedro Parente é o responsável pela greve dos caminhoneiros, tanto pelos aumentos como por dizer que a política de preços não mudaria, já no meio da paralisação. E por isso ela cresceu muito mais.

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Correio da Cidadania: O que pensa das críticas que culpabilizam a política de controle de preços do combustível ao longo de anos recentes?

Emanuel Cancella: A Petrobrás é resultado da campanha “O Petróleo é nosso”. A Petrobrás do Parente é do “Petróleo é vosso”, como dito pelo primeiro diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn. É dele essa célebre frase. Os combustíveis têm de ser subsidiados para servir a seu dono, ou seja, a sociedade. Foi o que se fez. A Petrobras segurava vários aumentos do barril de petróleo para não penalizar o consumidor brasileiro, a dona de casa. Parente adotou os preços ao sabor do mercado. Chegou ao absurdo de colocar variação diária do preço.

Portanto, ele aplicou aquilo que os tucanos acreditam: “o petróleo é vosso”. Ele trabalhou na Petrobrás para servir ao mercado, às grandes petroleiras... Não se sabe muito disso, mas o principal beneficiário da importação de derivados, já que temos carência de refino no diesel, é os Estados Unidos: em três meses pagamos 4 bilhões de reais aos EUA na importação de diesel. Paralelamente, Parente diminuiu a carga de capacidade de refino no país para 60%. As refinarias brasileiras estão com cerca de 40% de ociosidade, enquanto o mercado precisa de diesel e gasolina.

E mais: anunciou a venda de cerca de metade das nossas refinarias. Ele estava aí pra servir ao mercado e às petroleiras. Ao mesmo tempo, Michel Temer desonerou as petroleiras em 1 trilhão de reais, em especial a Shell. Essa é a visão deles do petróleo. Não é só entregar o pré-sal, é entregar o mercado brasileiro, mundialmente respeitável.

Querem entregar os biocombustíveis, outro filão importante, renovável, enquanto o petróleo é esgotável. O mesmo vale para as petroquímicas, braço mais lucrativo do setor, os fertilizantes, nos quais o Brasil também é forte... Uma gestão pautada na política do FHC, de privatizar a Petrobrás. FHC acabou com os estaleiros, que em maioria eram no Rio de Janeiro, e mandou fabricar plataformas no exterior. O governo Lula retomou a política de contratar plataformas aqui e eles novamente reverteram tal política.

Nada disso é novidade. Já tinham feito assim e sabíamos que não seria diferente. A Petrobrás foi alvo de uma campanha violenta por parte da Lava Jato, com vazamentos seletivos, em especial para a Globo. E fico feliz em ver que mesmo diante de tanto bombardeio midiático 60% dos brasileiros são contra a privatização da Petrobrás.

Logo que vi a pesquisa, achei ruim, mas depois vi que só 21% são a favor. O povo não admite o roubo da empresa. Cabe a nós retomar campanhas que mostrem à sociedade o que a Petrobrás representa para o Brasil. Em 2014, no auge da empresa, ela financiava 80% das obras do país. Agora, esse dinheiro todo vai pra multinacional e mercado financeiro internacional.

Correio da Cidadania: O que comenta do “Plano de Desinvestimentos” da empresa, saudado pelos arautos do mercado como ponto positivo da “recuperação da Petrobrás”?

Emanuel Cancella: É uma política que existe em todas as petroleiras do mundo, quando vendem ativos. Mas no Brasil usa-se tal ferramenta pra praticar um entreguismo exacerbado. Uma coisa é vender um ativo pra fazer um investimento que pode dar retorno maior à empresa. Se fizermos um balanço desse plano do Parente, trata-se apenas de vender refinarias. Tirou a Petrobrás de setores altamente lucrativos, estratégicos e empregatícios, como são os setores de gás, petroquímica, fertilizantes, biocombustíveis, dutos...

Correio da Cidadania: A venda da NTS (Nova Transportadora do Sudeste) entra nesta discussão?

Emanuel Cancella: A região mais rica do país é o Sudeste, portanto, a que mais consome combustível. A malha foi constituída ao longo dos anos, coisa que a sociedade não vê porque os dutos são em maioria subterrâneos, mas tiveram investimento altíssimo. Nada impede seu fluxo, não tem greve de caminhoneiros que o faça. E o Parente vendeu a NTS, coisa que agora está na justiça, prestes a decidir a respeito.

É a política de desinvestimento: mandar construir navios e plataformas no exterior, tirar a Petrobrás dos setores mencionados, vender campos do pré-sal... Que plano é esse que só visa favorecer o mercado – leia-se financeiro – e as petroleiras internacionais?

Falam de Pasadena ou refinarias na Bolívia apenas para queimar a empresa, mas ninguém fala disso, que está acontecendo agora. Ah, sim: Pasadena está dando lucro há cinco anos. Ninguém fala que Parente vendeu a petroquímica de Suape pelo preço de 4 dias de faturamento. Ninguém fala que vendeu o campo de Carcará do pré-sal com o barril a preço de refrigerante.

É um plano de destruição da Petrobrás. Que as ações embarguem a negociata da NTS.

Correio da Cidadania: Diante de tudo isso, nada mais óbvio do que novas rodadas de encarecimento do combustível, passadas e futuras.

Emanuel Cancella: Com certeza. Se vender o duto do Sudeste, ninguém construirá outro. Só tem aquele. Era da Petrobrás, agora não é mais. A empresa não só paga pra usá-lo, como precisa pegar a fila, pois não é mais dona e não tem preferência.

Com relação aos preços dos derivados, se o petróleo é nosso a política de preços deve mesmo subsidiar, e fortemente, itens estratégicos como diesel, gás de cozinha, transporte... É do interesse da sociedade brasileira. Hoje, só com esses seis meses de política de Parente, mais de 1,2 milhão de domicílios deixaram de cozinhar a gás e usam lenha.

Daqui a pouco vai ter a greve dos taxistas, das vans... Não vão suportar o preço dos derivados. Por isso defendemos que Petrobrás, Eletrobrás, BNDES têm de ter funções sociais. Não podem ser vendidas pra mercantilistas que querem ganhar dinheiro com energia. A CEDAE não pode virar uma empresa que transforme água em mercadoria, ninguém vai suportar.

Estamos no centro de um debate de que país queremos. Empresários não têm preocupação social. Isso devia estar claro há tempos. Pessoas defendem sua política afirmando que a Petrobrás tem de dar lucro e acionista tem de ganhar. Só que os acionistas querem ganhar muito, aliás, nunca deixaram de ganhar. No entanto, a lógica do Parente é dar as costas ao Brasil e servir a petroleiras e ao mercado internacional.

FHC tentou privatizar a Petrobrás, chegou a transformá-la em unidade de negócios exatamente como se fez agora, a exemplo do campo de Carcará. Como estava fraco, o FHC só conseguiu vender 30% da Refap (Refinaria Alberto Pasqualino, no Rio Grande do Sul). Mas a ideia era vender cada unidade de negócio, ou seja, as unidades da Petrobrás.

Com relação à dívida da Petrobrás, é uma farsa, pois podemos olhar o lado cheio ou vazio do copo. A resposta a isso é política: a Petrobrás descobriu o pré-sal, que tem cerca de 100 bilhões de barris. O petróleo está em 70 dólares. Coloca os zerinhos aí e dá 7 trilhões de dólares, não precisa ser bom de matemática. A dívida alegada é fichinha, façam o favor. O valor da empresa tal como eles colocam no mercado não diz nada. Tem pelo menos 100 bilhões de barris à mão, isso convertido em petroquímica, combustível dá muito mais que os 7 trilhões, que seriam só de óleo in natura.

É piada falarem mal da Petrobrás, como faz a mídia empresarial brasileira. A empresa ganhou três vezes o prêmio OTC (Offshore Technology Conference), por ter feito a maior capitalização da história, em 2010. Temos uma empresa mundialmente reconhecida. Mas nossos amigos da Lava Jato preferem resumir tudo à palavra Petrolão (risos). E se é pra falar de escândalo mais uma vez lembramos do Banestado, o maior de todos, exclusivamente tucano, que por coincidência até hoje não prendeu ninguém. Mesmo assim, o Moro jamais cogitou interpelar o Pedro Parente...

Correio da Cidadania: Como você analisa o Plano de Gestão e Negócios 2017-2021 da Petrobrás? O que deverá advir dele em termos trabalhistas e econômicos?

Emanuel Cancella: O Plano de Negócios foi deixado pela Dilma, visava construir duas refinarias, canceladas pelo Parente, no Ceará e Maranhão. Teríamos autossuficiência no refino e excedente para exportação. Isso está cancelado pela Lava Jato e Pedro Parente. É preciso retomar tais questões, retiradas da alçada da Petrobrás, como já expliquei antes. Gás, petroquímica, biocombustíveis têm de voltar aos planos de negócios.

Estamos falando do ministro do apagão de 2001. Quem salvou o Brasil do apagão foi o Ildo Sauer, diretor de Gás da Petrobrás durante quatro anos, que retomou o controle das termelétricas. Ele comprou participação na maioria delas, que eram uma bomba de efeito retardado no governo anterior, pois mesmos sem gerar um kilowatt de energia cobravam em dólar. O Ildo, no governo Dilma, acabou com isso e debelamos o apagão.

O Plano de Negócios precisa ir na direção contrária da proposta de Parente: tem de construir refinaria, retomar setores estratégicos e o duto do Sudeste. Esses caras aí não o farão. Vão continuar com o “plano estratégico” de esvaziar a companhia e dar tudo para as petroleiras, a exemplo da isenção de 1 trilhão de reais do ano passado.

Correio da Cidadania: Como entrou a greve dos petroleiros no meio disso? Quais as principais reivindicações dos petroleiros?

Emanuel Cancella: Está difícil para qualquer trabalhador fazer greve num país com mais de 13 milhões de desempregados e os sindicatos um tanto quebrados. É muito difícil. Mas as direções vinham trabalhando nisso há muito tempo. Um componente político atrapalhava: a questão do PT. Muitos acusavam de ser mobilização pelo Lula etc. Mas após a greve dos caminhoneiros conseguimos uma unidade, entre FUP e FNP. Não sei até quando.

Quando veio a multa de 500 mil reais por dia da justiça realmente se tornou insuportável e foi correto suspender a greve. Mas ela pode voltar a qualquer momento, por conta da política de preços, que novamente sufocará a sociedade. Outros setores vão se manifestar contrariamente. Um milhão de lares abandonaram o gás de cozinha. De todo modo, conseguimos fazer a greve e muitas plataformas e refinarias pararam - não a produção, porque numa parada de 72 horas não tem como parar de fato.

A greve foi um avanço e pode voltar a qualquer momento.

Correio da Cidadania: Como são as atuais condições da categoria?

Emanuel Cancella: Os problemas internos da Petrobrás são imensos. Temos a pior política de recursos humanos de todos os tempos. Há dois anos os petroleiros não têm aumento real, Participação em Lucros e Resultados, estão enxugando os acordos coletivos. O que é pior: dentro dessa linha de “combate à corrupção” estão descontando nos contracheques no mínimo 13% do que dizem ser rombo do fundo de pensão Petros.

O clima interno é muito ruim. A política de Parente em relação aos funcionários é a pior que já tivemos. E ele que não venha dizer que falta dinheiro, porque os 10 bilhões para acionistas privados não faltaram. A discussão, que até a greve dos caminhoneiros vinha parada, irá continuar.

Correio da Cidadania: Como sindicalista experiente, ex-presidente do Sindipetro, o que comenta da atuação das centrais sindicais neste momento tão complexo por que passa o Brasil? O que comenta do fato de, após  afrouxarem nas greves do ano passado, uma categoria com menos tradição de organização e fortemente pautada por interesses patronais (mas não somente) conseguir emparedar o governo?

Emanuel Cancella: Penso que a greve dos caminhoneiros foi como a dos petroleiros na década de 90. Em 1995 fizemos uma greve de 32 dias para barrar a privataria tucana, em especial da Petrobrás. Tivemos amplo apoio social. Mas tenho certeza de que se fizéssemos uma greve antes dos caminhoneiros apanharíamos muito da sociedade, contaminada pelas difamações e agressões à Petrobrás orquestradas por mídia e Lava Jato.

Com mais de 13 milhões de desempregados, que greve será feita? Houve algumas isoladas e importantes, mas no geral os trabalhadores estão muito fragilizados, ainda mais depois da reforma trabalhista. Porém, essa greve mostrou que temos condições de resistir na luta. Foi uma surpresa que viesse através dos caminhoneiros, que de certa forma foram porta-vozes do golpe contra a Dilma. Não faço uma defesa de seus governos, mas não se provou nada contra ela e em nome do combate à corrupção colocaram no lugar os maiores corruptos da história do país.

Temos de conversar, com centrais, com os trabalhadores, porque não há nada resolvido. Precisamos de eleições e temos de eleger alguém do campo mais democrático e popular, quem quer que seja, pois esses teriam algum compromisso em revogar a obra do Temer. Podem não gostar, mas inclui a liberdade de Lula concorrer, pois não dá pra manter alguém preso sem prova alguma.

Portanto, temos de apostar um pouco na mobilização eleitoral, pois se depender de golpista até isso pode ser descartado.


Gabriel Brito é jornalista e editor do Correio da Cidadania.

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