Correio da Cidadania

No México, 250 corpos, em 124 sepulturas clandestinas. Autoridades implicadas

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Diante do desaparecimento de seus filhos, mães do município mexicano de Veracruz passaram a realizar buscas. Acabaram encontrando um campo suspeito, numa remota região do município. Lá, foram descobertos 250 corpos, enterrados clandestinamente.

Um lance assim já virou rotina no México. Somente nos últimos seis meses, esse foi o quarto cemitério oculto, onde jaziam cadáveres jogados numa vala comum.

A soma de mortos nestes quatros casos de horror chega a ser superior a mil. O primeiro aconteceu em outubro de 2016, quando se descobriu na cidade de San Pedro, um cemitério clandestino com 600 corpos.

Em Morales, novembro desse ano, foram 116 corpos enterrados clandestinamente.
Mais 56, no estado de Nuevo León, em janeiro de 2017.

Agora, em Veracruz, a história se repete. As autoridades logo apontaram os normalmente acusados desse tipo de crime: as quadrilhas de traficantes que aterrorizam todo o país.

Mas, Jorge Winkler Ortiz, o promotor-chefe de Veracruz, não se contentou com essa explicação.

Desta vez, novo atores de horríveis tragédias como estas poderão ser acusados. Para revelar de quem suspeita, Winkler convocou uma conferência de imprensa, onde declarou ser “impossível que ninguém tenha reparado no que aconteceu aqui, com veículos indo e vindo”.

Ele pretende conseguir que todos aqueles realmente implicados sejam condenados. O promotor diz quem seriam: “se não foi feito com a cumplicidade das autoridades, não sei de que modo poderia ser feito”.

Para Winkler, não deve se repetir a tragicomédia de que a cidade de Tlacaya foi palco, em 2012.

Ali, 23 cadáveres foram retirados de um cemitério cuidadosamente escondido. As autoridades locais, inclusive o promotor, apressaram-se em, categoricamente, garantir que os culpados eram as quadrilhas de traficantes atuantes na região.

Mas não colou. Graça a denúncias de jornalistas, inclusive do Esquire, ficou claro de que se tratava de uma execução sumária de pessoas desarmadas, praticada por soldados.

O que foi reforçado por testemunhas que procuraram a polícia. Em vão, os soldados e os procuradores locais as trataram como criminosas, sendo amedrontadas, presas e até torturadas para que se calassem.

Como o escândalo enfureceu a opinião pública, os investigadores mudaram o rumo de suas buscas, descobrindo outros autores. Em consequência, um oficial e sete soldados foram detidos.

O grave é que, apenas três dos soldados tiveram de se acomodar no banco dos réus. Não foram sequer processados os oficiais e autoridades civis que tentaram jogar a sujeira para debaixo do tapete, usando até de força ilegal.

O promotor Winkler está tomando as primeiras providências. Ele orientou os investigadores para que se concentrassem na nova luz que ele acendeu.

Num México, sob as trevas da corrupção oficial, suas chances não são das melhores.

Luiz Eça

Começou sua vida profissional como jornalista e redator de propaganda. Escreve sobre política internacional.

Luiz Eça
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