Plebiscito está mantido, afirma D. Jayme Chemello
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Da redação
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Preocupado com a repercussão que está tendo a Campanha do Plebiscito da Dívida Externa, o governo movimentou-se bastante na semana passada. No Rio, o ministro Pedro Malan procurou identificar a campanha com o PT e, em Brasília, FHC convidou o Presidente da CNBB, Dom Jayme Chemello, para conversar sobre o problema da dívida externa. A reunião realizou-se dia 23 e contou com a presença do Ministro Malan e do Secretário Geral da Presidência, Aluisio Nunes Ferreira.

Em entrevista concedida ao Correio da Cidadania, Dom Jayme declarou que a Coordenação da Campanha não inclui membros de partidos políticos; que não está propondo moratória, não pagamento ou qualquer outra medida em relação à dívida externa, antes da realização de uma auditoria pública, esta sim indispensável para que se possa determinar o que há de legítimo e o que há de ilegítimo no débito do Brasil para com os credores externos; e, finalmente, que não pode haver dúvida sobre a estreita ligação da dívida externa com a dívida social. Nesse sentido, o cardeal assinalou a FHC que, em princípio, o Brasil teria direito de pleitear o perdão da dívida solicitado por João Paulo II, porque metade da sua população, segundo dados oficiais, vive em condições de pobreza.

Perguntado sobre a realização ou não do plebiscito, Dom Jayme respondeu que este assunto nem sequer foi cogitado na conversa com FHC e que obviamente o plebiscito está mantido. Acrescentou ainda que, segundo as informações de que dispõe, a consulta será um sucesso.

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Políticos diante do Plebiscito da Dívida

Da redação

Entre os dias 2 e 7 de setembro, a CNBB estará promovendo a Campanha do Plebiscito da Dívida Externa para colher a opinião do público quanto ao pagamento ou não da dívida. A fim de informar seus leitores acerca da posição das lideranças e dos partidos políticos diante da Campanha do Plebiscito, o Correio da Cidadania enviou um questionário para figuras políticas representativas do espectro político do país.

Além das pessoas cujas respostas já haviam chegado à redação até o fechamento dessa edição, que constam na tabela abaixo, as perguntas foram encaminhadas aos seguintes políticos: Lula (PT), Senador Jader Barbalho (PMDB), Senador Pedro Simon (PMDB), Governador João Capiberibe (PSB), Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), Senador Jorge Borhausen (PFL), Prefeito Roberto Magalhães (Recife - PFL), Prefeita Ângela Amim (Florianópolis - PPB), Paulo Maluf (PPB), Senador Teotônio Vilela (PSDB), Deputada Zulaiê Cobra (PSDB), Deputado Haroldo Lima (PCdoB), Leonel Brizola (PDT), Senadora Emília Fernandes (PDT), Governador Dante de Oliveira (PMDB-MT) e Prefeito Célio de Castro (Belo Horizonte - PSB). Confira abaixo a opinião de alguns dos políticos entrevistados.


Entrevistados

Votará no Plebiscito da Dívida Externa?

Seu voto será favorável ou contrário à moratória e auditoria da dívida?

Qual o argumento central justificativo do seu voto?


José Dirceu, líder do PT na Câmara

 

Sim

 

Favorável

Ônus ilimitado aos orçamentos públicos, comprometendo as prioridades políticas com o resgate das dívidas sociais.

Itamar Franco, governador de Minas Gerais


Sim


Favorável

Na atual situação do país, a realização de uma auditoria completa da dívida é necessária.


Luci Choinacki, deputada federal (PT-SC)

 

Sim

 

Favorável

Com essa transferência do dinheiro de países pobres a ricos, não há possibilidade de haver desenvolvimento social, econômico e humanitário em lugar nenhum do planeta.


Marta Suplicy (PT-SP)



Sim



Favorável

Sou plenamente favorável à auditoria da dívida. A auditoria já estava prevista na Constituição de 1988 e não foi realizada com o suficiente rigor. Antes de definirmos quaisquer estratégias, devemos fazer uma análise profunda da composição, origem e dos mecanismos de pagamento da dívida. Sou contra deixar de honrar os compromissos assumidos pelo Brasil. Por outro lado, é preciso saber quem será o beneficiário que receberá R$ 78 bi, somente este ano, de juros da dívida externa e interna. Por que a dívida atingiu estas proporções? A velocidade do pagamento da dívida não pode ser alterada para que a dívida social também seja resgatada? A auditoria é essencial para tratarmos com responsabilidade os recursos de nossa sociedade.

 

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