Senador Roberto Requião responde
às acusações da revista Veja
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Por Luiz Antonio Magalhães
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Há duas semanas, a revista Veja, publicação da editora Abril, resolver abrir fogo contra o senador Roberto Requião (PMDB-PR). Em reportagem de duas páginas, a revista acusou a mulher do senador de ter cometido uma ilegalidade ao enviar dólares para o exterior. Na mesma matéria, Veja afirma que o senador não declarou a operação ao fisco.

Logo após tomar conhecimento da matéria, Requião reagiu e fez uma série de discursos no plenário do Senado, explicando a operação de sua mulher e denunciando a editora Abril por uma série de irregularidades (clique aqui para ler, na página oficial do Senador, a íntegra das denúncias). De acordo com o senador, a mesma Veja que agora o acusa praticou chantagem contra os ex-donos do Banco Bamerindus.

Requião não ficou sem resposta. Na semana passada, a revista Veja voltou ao assunto, reiterando as acusações ao senador. Em matéria não assinada, a revista utiliza recursos de linguagem, ironia e deboche para desqualificar o ex-governador do Paraná. Não acrescenta nada de novo às acusações que havia feito na matéria original e desobedece ao princípio básico do jornalismo —publicar a versão do acusado. Nenhuma linha da explicação de Requião sobre a operação envolvendo sua esposa saiu na revista, que negou as irregularidades denunciadas por Requião.

Em entrevista a este Correio, o senador Roberto Requião explicou a operação de remessa de dólares e levantou algumas hipóteses sobre as motivações da editora Abril para os ataques que vem sofrendo. Leia, a seguir, os principais trechos da conversa.

Correio: A sua mulher realmente mandou dólares para o exterior? Ela cometeu alguma irregularidade?

Requião: Um cheque administrativo endossado pela minha mulher foi parar, por intermédio de uma casa de câmbio, num processo de compra de dólares no Paraguai. Fui procurado pela revista Veja para explicar a operação. Expliquei e documentei. A minha mulher vendeu, como procuradora do espólio de seu pai, onde tem uma participação igual à de sua mãe e de seus irmãos, um apartamento em São Paulo, pelo qual recebeu um cheque de R$ 250.000, nominal e administrativo. O espólio declarou ao Imposto de Renda a venda. Minha mulher declarou, no seu Imposto de Renda, a entrada da sua parcela, que foi de R$100 mil. O imposto de renda do Carnê-Leão foi recolhido na diferença do valor declarado no espólio pelo valor creditado pelo preço de compra aos herdeiros. O cheque administrativo tinha o número 703.654, contra o Banco Real agência nº 0413. O Imposto de Renda recolhido na declaração do espólio foi recebido pelo agente receptor Serpro em 29 de abril de 1999, às 18 horas 12 minutos e 44 segundos, sob o nº 2496642297; o número de controle da Secretaria da Receita Federal foi 10.77.81.89.96. Minha mulher procurou uma agência de câmbio em Curitiba, com o apoio do dono de uma agência de turismo chamada Larus, Sr. Celso de Souza Caron. O Sr. Celso de Souza Caron pegou o telefone e ligou para casas de câmbio registradas no Banco Central e na Embratur, procurando o melhor câmbio. E o melhor câmbio foi de R$1,19 para aquele dia, na Casa de Câmbio Sigla, registrada no BC e na Embratur. A casa de câmbio se prontificou a fornecer os dólares, o que é absolutamente legal.

Correio: Onde estaria a irregularidade apontada pela Veja?

Requião: Não há irregularidade. Minha mulher resolveu converter esses recursos, de acordo com a mãe, os dois irmãos, em dólar e procurou uma casa de câmbio. A casa de câmbio se dispôs imediatamente a fornecer os dólares e os entregou na presença de testemunhas na casa de turismo Larus, em Curitiba. A Sigla havia sido consultada pelo dono da Larus e entregou na Larus. Minha mulher endossou o cheque – cheque administrativo nominal com origem. O problema todo da inversão desse percurso é saber se os recursos que compram dólar têm origem, se foram declarados no Imposto de Renda. E a casa de câmbio fez com que os recursos fossem depositados em uma conta no Banco Real (havia número de conta e número de agência). O depósito foi providenciado como contrapartida à entrega dos dólares. Posteriormente, o cheque apareceu, pelas mãos da casa de câmbio Sigla, com um doleiro no Paraguai em outra operação. Cheque nominal endossado é dinheiro. O depósito foi transferido para uma conta determinada pela agência que vendeu os dólares.

Correio: O senhor explicou isto à Veja?

Requião: Essas informações foram fornecidas por mim à revista Veja, mas foram rigorosamente ignoradas, tentando a revista me envolver numa operação de envio de dólares para o exterior. Os dólares foram comprados por minha mulher ao câmbio de R$1,19. Ou seja, US$ 84 mil no dia da conversão foi a parte que lhe coube nesse processo. Os R$100 mil que lhe cabiam foram declarados no Imposto de Renda.

Correio: O senhor tem alguma idéia das motivações da Veja para acusá-lo?

Requião: Sem dúvida. Tentaram passar uma informação absolutamente errada, equivocada e de má-fé, no sentido de que a minha mulher teria mandado dólares para o exterior. É evidente que isso não ocorreu. Levei documentos e provas definitivas para a reportagem do Grupo Abril, da revista Veja, e de nada isso adiantou. A prática infamante foi levada à frente numa operação casada com a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Paraná. E, suportados em reprints da Veja, tentaram convencer a opinião pública do meu estado e do país de que eu, o Senador que iniciou a investigação sobre remessa de dólares para o exterior, teria na minha família um caso de remessa de dólares.

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