Marcha supera o frio e
chega a BH nesta semana
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Por  Laerte Braga
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O forte frio que tem assolado as regiões da Mata e Vertentes de Minas Gerais não impediu que a passagem da Marcha Pelo Brasil e contra FHC superasse obstáculos e dificuldades e mexesse com a "cabeça do povo". Ewbank da Câmara, Santos Dumont e Barbacena receberam os marchantes de braços abertos. Atos públicos, missas campais, debates em escolas públicas e particulares têm servido para intensa mobilização popular. "Mexer com a cabeça do povo, fazer com que o povo reflita sobre a grande crise que vivemos, isso nós estamos conseguindo e com muito mais de cem mil pessoas", afirma César Benjamim, um dos coordenadores do movimento.

A Marcha estava, na última quinta-feira, em Conselheiro Lafaiete, cerca de 100 quilômetros de Belo Horizonte, onde chega dia 18, na próxima quarta-feira.

Cidade das Rosas, produtora de morangos, Barbacena é uma das cidades da Serra da Mantiqueira consideradas conservadoras e onde o frio é muito intenso. É terra de duas famílias tradicionais da política mineira: os "Fortes" e os "Andradas".

Dali saiu o primeiro governador da Província de Minas, Bias Fortes. Mas Barbacena derreteu o frio cortante e os fortes ventos numa calorosa recepção ao integrantes da Marcha pelo Brasil e contra FHC. O mesmo clima de comoção e encantamento que tomou conta de outras cidades repetiu-se ali.

 

Encantamento

Professores de Barbacena repetiram o que vem sido dito desde o início da caminhada: "encantamento e pegadas profundas no coração de todos nós. Uma vontade muito grande de largar tudo e seguir junto com eles". Dentre os alunos, a mesma impressão. A maior parte dos estudantes de cursos de 1º e 2º graus reporta-se ao noticiário da grande imprensa, que apresenta a Marcha, mais particularmente o MST, como um bando de agitadores. "É o contrário. São pessoas sofridas, que estão lutando por todos nós e precisamos apoiá-los e compreender isso".

A avaliação foi feita por alunos da Escola Municipal União da Betânia, em Juiz de Fora, após a passagem das chamadas "Brigadas Pedagógicas".

O arcebispo metropolitano da arquidiocese de Juiz de Fora, D. Clóvis Freiner, em conversa informal com integrantes da comissão organizadora do Grito dos Excluídos, previsto para 7 de setembro em todo o Brasil a partir de Aparecida, disse que o "exemplo da marcha é significativo. No mundo de hoje, globalizado e onde as coisas acontecem em velocidade impressionante, é preciso organização popular e diálogo com o maior número de pessoas". D. Clóvis Freiner falava da afirmação do líder do MST, João Pedro Stédile, que "o importante não é chegar a Brasília com 100 mil, mas conversar com um milhão pelo caminho".

 

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