Correio da Cidadania

Sindicalistas repudiam ataque sofrido por trabalhadores da Revap

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Repudiamos o ataque brutal à sede da Conlutas, em São José dos Campos (SP), e aos trabalhadores da Revap que estavam reunidos na sexta-feira, 1 de agosto, em uma assembléia para fundar a Associação de Trabalhadores da Construção Civil.

 

Um ataque dessas proporções contra trabalhadores no centro urbano, com 60 bandidos armados e encapuzados, que invadem uma reunião para dissolvê-la, destruindo carros e móveis do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (onde está situada a sede da Conlutas na região), baleando um trabalhador, é algo inédito nos últimos tempos e um forte sinal de alerta para todo o movimento sindical e todos os movimentos sociais.

 

É inacreditável que pessoas eleitas para representar os trabalhadores, unem-se ao Estado e à burguesia para oprimir e reprimir trabalhadores que decidem se organizar para lutar por direitos, salários, melhores condições de trabalho e de vida.

 

Esse ataque ocorre em um contexto de escalada na criminalização dos movimentos sociais no país. No último período foram várias as ofensivas contra as organizações, tanto dos movimentos sociais como das entidades representantes da classe trabalhadora, como na tentativa de criminalizar e até dissolver o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), por parte do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

 

A Justiça Federal de Marabá condenou líderes do MST no Pará a pagarem R$ 5,2 milhões à Vale, pela interdição da ferrovia de Carajás, em abril passado. A APEOESP e a Conlutas foram proibidas de fazer uma manifestação em São Paulo no dia 4 de julho. Vimos também a demissão do bancário Dirceu Travesso, um dos dirigentes da Conlutas, pela Nossa Caixa, em São Paulo. Na própria região do São José dos Campos vimos como os sindicatos e sindicalistas combativos sofrem perseguição pelas empresas, com ajuda da justiça. Os representantes sindicais da GM foram proibidos de circular na fábrica para falar com os trabalhadores. A Embraer conseguiu a aplicação de uma multa milionária contra o Sindicato dos Metalúrgicos pela distribuição de panfletos em frente às fábricas.

 

A luta dos trabalhadores terceirizados da Revap tem o agravante de que os trabalhadores não têm o respaldo nem do seu próprio representante, o Sindicato da Construção Civil, que ainda é filiado à CUT.

 

Os trabalhadores terceirizados, que prestavam serviço na ampliação da Revap, a Refinaria Henrique Lage da Petrobras, em São José dos Campos, contrariando a diretoria do sindicato, criaram sua própria Comissão de Negociação e fizeram uma forte greve de 31 dias, que durou de 16 de maio a 16 de junho. Como neste país trabalhadores não tem vez, tiveram que resistir aos ataques do Estado, que para defender a burguesia enviou no dia 10 de julho a tropa de choque, e os ataques dos patrões, que além da opressão verbal, demitiram centenas de trabalhadores, incluindo os representantes do sindicato.

 

Para fortalecer a luta dos trabalhadores, em uma situação em que o sindicato é passivo e submisso, foi chamada uma assembléia para fundar uma "Associação de Ajuda Mútua e Solidária dos Trabalhadores Terceirizados da Revap e Petrobras São Sebastião". Nessa assembléia foram brutalmente atacados.

 

Esse ataque tem todas as características do pior do banditismo sindical. O fato de que a única coisa que foi roubada foram os documentos da assembléia reforça isso. Apoiamos a Conlutas e os trabalhadores terceirizados da Revap que exigem do Sindicato da Construção Civil, da Petrobras e do consórcio de empreiteiras que realizam as obras de ampliação da refinaria, que esclareçam sua a participação nesse acontecimento.

 

A necessidade de unir e fortalecer a luta sindical é urgente. Nos últimos anos, os lucros das empresas crescerem astronomicamente, enquanto os trabalhadores só receberam migalhas. Agora, a inflação está corroendo os salários e a crise econômica mundial chega cada dia mais perto.

 

Tais ataques e criminalização dos movimentos mostram que os patrões e seus representantes estão se preparando para duros embates. Infelizmente, os sindicatos ainda não estão preparados para responder à altura. É preciso construir unidade na lutas, coordenar as campanhas salariais, para assim reverter a atual fragmentação. Fundamental para isso é a defesa de cada sindicato ou movimento social que está sendo atacado. Ataque contra um sindicato de luta é ataque contra a classe trabalhadora em geral.

 

Miguel Leme

Diretor estadual (licenciado) da APEOESP, e membro do Socialismo Revolucionário (PSOL).

 

Eliana Lacerda

Presidente da Federação Nacional dos Gráficos, e membro do Coletivo Liberdade Socialista (PSOL).

 

Marcela Marques da Silva Damasceno

Diretora do Sindicato dos Gráficos de Minas Gerais e membro do Coletivo Liberdade Socialista (PSOL).

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