Correio da Cidadania

Poema Brasil Endividado

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“(...) O setor financeiro é o principal ator e beneficiário do Sistema da Dívida e sua atuação está marcada pela utilização de uma série de estratégias fraudulentas, que têm viabilizado um grande esquema de dominação mundial. (...). Experiências da Auditoria Cidadã vêm revelando que a maior parte da dívida pública não foi gerada pelo efetivo ingresso de recursos, mas, sim, pela utilização de uma série de mecanismos, condições viciadas e medidas impostas por organismos internacionais (...)” (FATORRELLI, Auditoria Cidadã da Dívida, 2013).

I

A DÍVIDA QUE NÃO DEVEMOS

Como devemos o que não recebemos?
Como podem levar nosso dinheiro
Suor e trabalho do povo?
Como podem especular, cobrar juros e taxas
Sem nada deixar emprestado para nós?
Como podem levar nosso trabalho
Nossa produção na forma dinheiro
Levar a nossa riqueza
E ainda cobrar juros, juros sobre juros,
Taxas, multas, parcelas infinitas,
Refinanciamentos de dívidas
Que não devemos?
Dívidas que não fizemos
Já são mais de trilhões
Já mata mais que a fome
Já mata mais que o trânsito
Já mata mais que as guerras
Já mata mais que as drogas
Já mata mais que os crimes
Já mata mais que a seca
Já mata mais que a violência
Já mata mais que o latifúndio
Já mata mais que o desemprego
Já mata mais que doença
Porque mata mais
Que todas as mortes juntas
Mata as condições
Sociais de todos!
É a exploração multiplicada
É morte na vida
Como uma dor consumida
Como uma dívida eterna
Porque mata todos os dias
Como parte de todas as mortes
Que matam muitos
Como uma eternidade que mata diariamente
Sem piedade!

II

A DÍVIDA CONTRA A VIDA

Os donos do capital
Sangue do povo negociam
Espoliam, exploram, especulam...
Na forma da dívida
Transformam a vida em dinheiro
Subtraída a própria vida
É a morte do futuro!...
É a humanidade padecida
É a destruição humana
É a desumanização como horizonte!

III

A AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA É POSSÍVEL E NECESSÁRIA

Dívida não pode ser promessa
Empréstimo especulativo
Dinheiro podre
Papéis e títulos ilegítimos
Saques intermináveis
Juros abomináveis
Negociações espúrias
Insanidades financeiras
Contas virtuais intermináveis.
Muita dívida não foi feita
Mas escandalosamente contratada
Muita dívida já foi paga
Duas vezes ou mais!
Riquezas sociais roubadas
Povo destruído
E vida negada!
Não ao sistema corrupto da dívida
Todos pela vida!


Roberto Antonio Deitos é poeta e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Poema  publicado no livro POEMA POLÍTICO, editora BIBLIOMUNDI, 2017 (versão digital).

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